segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Os marcos do desenvolvimento infantil

Para minimizar as muitas dúvidas sobre o amadurecimento das crianças durante a primeira infância, especialistas explicam quando ocorrem os principais marcos do desenvolvimento infantil. Os profissionais consultados ressaltam que cada criança se desenvolve a seu tempo, mas existe uma idade que serve de parâmetro para os pais acompanharem o crescimento dos seus filhos. Confira abaixo:
FIRMAR A CABEÇA
Fase que costuma acontecer: entre 2 e 3 meses.
Firmar bem a cabeça aos 2 meses é uma das provas de que o desenvolvimento psicomotor do bebê está excelente. Alguns começam, com 30 ou 40 dias, a mostrar que já dirigem o pescoço quando ainda estão deitados – e logo começam a fazê-lo também no colo dos adultos. Geralmente, é perto do terceiro mês que a cabeça do bebê ganha a forma mais arredondada e definitiva e ele começa a ficar deitado com o rosto virado para cima, e não mais somente apoiada de um dos lados. Em pouco tempo, a cabecinha já fica ereta e, em seguida, passa a procurar os rostos conhecidos em volta.
O que fazer: ficar atento a essa fase é importante (apesar de ser ainda mais importante saber que cada criança tem um ritmo e, logicamente, algumas levam mais tempo para alcançá-la). Alguns bebês que não firmam a cabeça, como explica a pediatra Louise Souza, podem ter contraído a toxoplasmose congênita. “Trata-se de um mal que, em casos mais graves, pode causar atraso mental e lesões oculares”, diz ela. Essa condição, no entanto, costuma ser detectada ainda na gravidez. Para ajudar os pequenos nesse comecinho de experiências com o corpo, basta procurar chamar a atenção deles com sons suaves e agradáveis e notar que a cabeça começará a se movimentar e fortalecer.
ALCANÇAR OBJETOS
Fase que costuma acontecer: A partir dos 4 meses.
Conforme os bebês começam a se interessar pelo ambiente ao redor, eles iniciam as tentativas de apanhar objetos próximos – e começam também a aguçar a visão e a audição para reparar no que há à sua volta.
O que fazer: o interesse nos objetos é que vai ajudar o bebê a usar braços, pernas, tronco e toda sua vontade para ir atrás do que deseja. Com isso, ele fica ainda mais contente ao aprender que pode se arrastar e esticar até o brinquedo ou outro artigo qualquer, causando uma sensação boa e desenvolvendo corpo e mente. Basta oferecer objetos que estimulem interesse.
O que não fazer: empolgados com essa nova demonstração de iniciativa das crianças, alguns pais decidem se adiantar e oferecer a elas tudo o que existe à mão para estimular a brincadeira. Mas talvez seja essa a hora de observar mais e “entregar” menos: é o momento de deixar o pequenino ir à luta pela primeira vez (e ajudar e acarinhar se surgir aquele choro de frustração, claro).
ROLAR
Fase que costuma acontecer: entre 5 e seis meses.
Os pequeninos mais apressadinhos começam a rolar a partir dos 2 ou 3 meses. É provável que eles comecem a fazer o movimento a partir da posição de barriga para cima até virar de costas e, aos 5 ou 6 meses, façam também o movimento completo – até voltar para a posição inicial. Essa habilidade vem junto com o desenvolvimento do pescoço e dos músculos dos braços das crianças. Elas usam essas partes do corpo para levantar o tronco e observar o que há em volta, se interessando pelo mundo (ou apenas por aquele brinquedinho colorido que pareceu tão divertido).
O que fazer: para ajudá-lo no processo, é bom deixar o bebê se esticar em espaços seguros e ligeiramente fofos, onde ele pode sentir o efeito dos movimentos e ganhar “tração”.
O que não fazer: não é preciso, no berço ou no tapete de brincar, espremer a criança entre objetos, pois isso pode limitar a ação. Segurar demais o bebê no colo também não é o ideal, pois ele pode se acomodar em uma mesma posição.
SURGIR OS DENTES
Fase que costuma acontecer: A partir dos 6 meses.
O aparecimento dos primeiros dentinhos das crianças é um grande motivo de preocupação dos pais. Algumas vezes eles dão o ar da graça muito cedo, já aos 4 meses de vida do bebê; para outras crianças, isso só acontece a partir dos 6 meses – ou até mesmo 8 ou 9 meses. Somente crianças cujos dentes não aparecem até um ano são motivo para procurar um especialista. Antes disso, o mais certo é que os dentes aparecerão e, com eles, um bocado de dor e manha para os pequeninos. Acontece que algumas crianças possuem gengivas mais grossas e fibrosas do que outras, daí a diferença no aparecimento dos dentes.
O que fazer: para ajudar, os pais podem oferecer mordedores específicos que possam ser resfriados, já que o gelado colabora para amortecer a dor. Pomadas em gel para tirar a sensibilidade? Cada pediatra tem uma opinião sobre isso, então só se deve usar depois de discutir o caso com um profissional.
SENTAR
Fase que costuma acontecer: A partir dos 8 meses.
Essa é uma das fases que podem variar bastante entre as crianças. Existem as que, aos cinco meses, já mostram ter a possibilidade de sentar apoiando as costas em almofadas, por exemplo. Tudo depende da evolução dos músculos das costas e pescoço. Um ou dois meses depois, os pequenos já estão sentando sem precisar de um bom apoio, permanecendo assim por alguns minutos sem reclamar e até brincando por mais tempo. Crianças com peso maior costumam demorar mais para conseguir ficar sentadas e sem apoio por algum tempo – e a tendência de várias delas, enquanto aprendem a controlar o corpo, é tombar para os lados nas primeiras vezes.
O que fazer: os adultos podem ajudar, primeiramente, servindo de apoio com as mãos, auxiliando e escorando o bebê com almofadas apropriadas (em forma de meia-lua) ou apenas estando bem próximos para ajudar a equilibrar. Essa nova perspectiva de mundo costuma alegrar muito as crianças, que então ganham muitas maneiras de brincar e interagir com o meio.
ENGATINHAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 9 a 11 meses.
A partir da posição sentada, a criança começa a se aprontar para explorar ainda mais o mundo e em um nível totalmente novo. Levantando primeiramente o tronco com as mãos e o auxílio dos joelhos, os bebês partem para descobrir o movimento independente – da forma que eles conseguirem. Isso porque nem sempre os bebês engatinham daquela maneira clássica, e sim progredindo com as pernas esticadas, deitando e usando apenas braços como um soldado ou mesmo se arrastando de lado, puxando com um braço. Alguns bebês, inclusive, pulam completamente a fase de engatinhar (e isso não deve ser nenhum motivo para preocupação ou frustração).
O que fazer: se a ideia, porém, for ajudar o pequeno a descobrir esse movimento, almofadas do tipo rolo podem ajudar. Apoiando o bebê com a barriga encostada no rolo, segurando firme e mostrando a graça da brincadeira de ir e voltar, ele pode começar a perceber como a locomoção é divertida e, fortalecendo os joelhos e cotovelos, partir para o engatinhar. Muitos educadores, como a pedagoga Maria Laura Flores, garantem que o engatinhamento é importante porque “assim, o bebê aprende a dominar os movimentos e, portanto, ativa novas zonas cerebrais da coordenação de reflexos”.
FICAR EM PÉ
Fase que costuma acontecer: A partir dos 10 meses
Com o domínio da arte de engatinhar, muitas crianças logo descobrem a força das pernas para levantar segurando em mesinhas, cadeiras e outros móveis. Com esse apoio, a partir dos 10 meses muitas delas já são capazes de se erguer por completo e, algumas semanas depois, já ensaiam alguns passos. Ficar em pé é apenas uma das novas artimanhas, e o bebê precisa coordená-la com a possibilidade de estar ereto e ainda girar o corpo para olhar para os lados, brincar ou comer usando as mãos para se segurar e tentar alcançar algo que está no alto usando as pontas dos pés.
O que fazer: tudo isso servirá para o desenvolvimento cerebral e motor – e tudo o que os adultos devem fazer é garantir a segurança com esse novo ser humano articulado e oferecer estímulos que atraiam o futuro andarilho.
DORMIR A NOITE TODA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Não há um consenso, mesmo entre especialistas, sobre quando uma criança já deve dormir a noite toda. Alguns dizem que, a partir de 2 meses e se o ganho de peso estiver normal, as mães já podem deixar por conta do bebê a hora de acordar. Muitos, já mesmo por essa fase, começam então a dormir cerca de oito horas seguidas. Mas mesmo os maiores, até um ano, podem despertar quando sentem fome – e a mamada da noite pode ser mantida por mais tempo.
O que fazer: mantendo uma rotina tranquila e com horários bem definidos (hora das refeições, sonecas e momentos de brincar), os pais podem começar a mostrar às crianças que elas têm hora para dormir, que podem fazê-lo por conta própria e que ficarão bem em suas caminhas.
O que não fazer: o importante é perceber se a criança de fato sente a necessidade do leite ou apenas se acostumou com a presença confortante no meio da madrugada. Vale dizer que, levando em conta o metabolismo e a necessidade das crianças, a partir dos 6 meses elas já são completamente capazes de dormir uma noite completa.
COMER DE TUDO
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
A rigor, a partir dos 6 meses (ou mesmo algumas semanas antes para as crianças que entram no leite em pó), já é possível introduzir frutas na alimentação do bebê. Algumas são mais indicadas para começar esse processo, como mamão e laranja-lima, e logo é possível partir para outras como maçã, pera e banana prata. Para beber, o consenso não é total entre os pediatras, mas alguns sugerem que não há necessidade de chazinhos ou sucos e apenas a água já presente no leite materno ou na fórmula preparada são suficientes até os 6 meses. Na realidade, os bebês começam a se interessar pela comida nessa fase, então é o momento ideal para apresentar os alimentos. Aos 9 ou 10 meses, a maioria já está comendo papinhas salgadas, que devem ser preparadas com água, dois ou três tipos de legumes e um tipo de carne. 
O que fazer: ao servir, os pais devem apenas separar a carne e amassar os legumes com um garfo. Além de estimular a mastigação e preservar melhor as fibras, a diversidade de cores e sabores se mantém melhor assim – e os pequenos aprendem a saborear cada alimento, perceber texturas e sentir cheiros e gostos. Os que apelam para tocar na comida também têm a sua vez: “Essa é a forma que as crianças encontram para explorar o prato”, diz Christine Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development. E, como bônus, criam uma relação feliz com a hora de comer.
ANDAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
No início, logo após ter afinal descoberto as maravilhas de estar em pé, cair é quase uma constante na vida das crianças – mas os pais devem controlar a vontade de prevenir essas quedas e o impulso de manter os pequenos eretos a qualquer custo. Com a coragem estabelecida, em pouco tempo a criança que caminhava cambaleante estará correndo, basta ter paciência.
O que fazer: a verdade é que a pressa será a pior inimiga nessa hora. Andar é um dos grandes avanços das crianças, um marco no crescimento delas – e grande parte só o faz quando sente 100% de segurança, um período que pode levar semanas ou até meses após ficar em pé pela primeira vez.
O que não fazer: oferecer as mãos para estimular as crianças a firmar os passos pode ser uma boa ideia em algumas oportunidades, mas partir para andadores, por exemplo, pode acabar retardando o processo de andar sem apoio.
COMEÇAR A FALAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Os bebês, na verdade, descobrem o poder da voz bastante cedo, desde o choro das primeiras semanas para chamar a atenção para suas necessidades. Aos poucos, já a partir dos 6 meses, por imitação das pessoas ao redor, eles passam a usar primeiro os lábios e depois a língua para demonstrar com palavras murmuradas o que desejam. A partir de um ano a maioria já sabe usar bem certas palavras e, em mais alguns meses, conseguem formular ideias e até fazer inflexões – como para mostrar alegria ou surpresa.
O que fazer: os pais que entendem todos esses primeiros sons e balbucios como uma conversa são os que mais auxiliam os filhos a aprender a falar cada dia melhor e mais rápido. “Quando a criança percebe que corresponde ao seu ato de tentar dizer alguma coisa, ela se sente estimulada a se comunicar”, diz a psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development, Christine Bruder. 
O que não fazer: as duas piores coisas a fazer nesse momento são, primeiro, tentar apressar a comunicação e começar a “adivinhar” o que a criança tenta dizer, passando a frente dela e forçando palavras que ela ainda não entende bem. Em segundo, é fazer exatamente o contrário: achar que eles não entendem nada mesmo e falar pouco com os pequenos, que provavelmente se sentirão inibidos ou ignorados.
DESMAMAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
O desmame das crianças pode acontecer de diversas maneiras, inclusive por vontade delas. Com a introdução de novos alimentos e a menor necessidade do leite, alguns bebês começam a se desinteressar – enquanto outros, até pela gostosa sensação de estar junto à mãe, seguem mamando até que haja a decisão da mãe de encerrar o período de amamentação. Os médicos se dividem nessa hora: alguns sugerem fazer a retirada rapidamente, enquanto outros preferem o modo gradativo. O certo é que essa pode ser uma época de muitos conflitos emocionais para mães e filhos. Mas é importante saber que o desmame não causará traumas e logo os pequenos superam a fase.
O que fazer: a partir de um ano, grande parte das pessoas inicia o desmame dos bebês (note que a Organização Mundial da Saúde sugere amamentação até os dois anos). “Se for o caso de parar, pedir ajuda de outro adulto pode ser uma boa solução. As crianças desenvolvem uma forte ligação com as mães pela amamentação, e mesmo o cheiro ou a posição de costume vai lembrá-las do leite materno”, explica o pediatra Marcelo Reibscheid. Com a mamadeira, o pai ou outra pessoa pode revezar na hora do leite e, em pouco tempo, a criança aprenderá a receber o novo alimento.
O que não fazer: esqueça o sentimento de culpa que muitas vezes acompanha as mães que deixam de amamentar – e tenha certeza que o bebê estará bem com a nova ordem. Mães seguras passam essa tranquilidade para a criança e a deixa mais confortável para aceitar a novidade.
COMER SOZINHA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Ou quando a criança demonstrar interesse por apanhar a colher e tentar fazer os movimentos até a boca. Isso mostra que ela está motivada a crescer, que gosta da conquista de liberdade ao participar mais ativamente da hora das refeições.
O que fazer: mesmo que haja uma preocupação com a segurança, é importante deixar a criança fazer suas tentativas. Para evitar uma bagunça generalizada, que costuma mesmo acontecer entre os pequenos que ainda não dominam toda a coordenação motora, os pais podem forrar o chão com um jornal ou usar jogos americanos plásticos para assegurar a limpeza. E então podem deixar os detalhes da higiene de lado e se concentrar, assim como o pequeno, na nova tarefa de levar a comida até a boca. Felicitar a criança pelos progressos é muito válido, assim como sugerir, com delicadeza, outras formas de comer, como espetar um pedacinho de carne ou apoiar a colher nos dedos.
O que não fazer: respeitar ao máximo o desenvolvimento da criança é essencial. Brigar ou criticar aquele momento pode afastar o bebê da vontade de dominar essa arte.
DEIXAR AS FRALDAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Em geral, o segundo ano do bebê já começa a ser o momento de iniciar a retirada das fraldas (lembrando que cada criança tem um ritmo e isso pode acontecer tanto antes, já aos 18 meses, quanto bem depois, aos três anos). Por essa idade, quando a criança começa a se incomodar mais por estar com fraldas sujas, ela mesma já pode pedir pela troca ou mostrar mais interesse pelo banheiro, pelo papel higiênico e pelo penico. Esteja sempre a postos para levá-la ao banheiro assim que vier um pedido e se prepare para as muitas “escapadas” de xixi e coco. Tudo isso é normal. Em algumas semanas os pequenos passam a entender a dinâmica.
O que fazer: ao notar as fraldas secas com mais frequência nas trocas, os pais já podem começar a deixar a criança só com calcinha ou cueca por alguns momentos, explicando para ela a novidade. Muitos já começam aí a avisar sobre a vontade de fazer xixi ou coco e, em mais algum tempo, passam a ajudar com a retirada das roupinhas para correr para o banheiro. O penico, se for a opção antes do vaso em si, deve ter um local fixo: a criança precisa perceber a distância e ter a noção da velocidade para ir usá-lo, adquirindo consciência corporal. Correr atrás dela com o penico tira essa consciência. 
O que não fazer: os pais não devem ter pressa nesse processo. Uma criança que não tem maturidade para controlar a saída do xixi e do coco e é forçada a deixar as fraldas pode vir a ter problemas de incontinência urinária ou de intestino preso, por exemplo.
BRINCAR COM OUTRAS CRIANÇAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Quando a fase do individualismo vai passando, ali pelos dois anos, as crianças já começam a ter uma percepção muito maior da existência do outro. Antes disso, elas mal percebem outras crianças e normalmente preferem estar entretidas em uma brincadeira solo, territorial. Depois, começam a partilhar melhor especialmente as brincadeiras de faz de conta, com bonecos ou bichinhos, e construir as parcerias. 
O que fazer: “Mais do que brincar ‘com’, é importante brincar ‘ao lado’”, diz a psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development, Christine Bruder. Ela explica que pais não precisam gerenciar as habilidades sociais do filho, mas devem deixar as crianças brincarem com segurança entre si e tentarem resolver conflitos menores. Mediar é o melhor a fazer – propondo soluções quando a briga fica mais feia ou quando se é solicitado.
O que não fazer: não há a menor necessidade de intervir o tempo inteiro, mesmo antes de qualquer conflito, para mostrar “como meu filho é bem educado”. Ficar constantemente bloqueando as ações da criança não lhe dá liberdade para se aproximar de verdade dos demais.
LARGAR A CHUPETA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
É claro que algumas crianças nem mesmo se apegam às chupetas – algumas jamais a reconhecem como consolo, outras rapidamente as abandonam mesmo antes dos três anos. Para as que usam com mais intensidade, a chupeta serve como um abrigo de emoções. Mas, após um certo período, a criança precisará amadurecer e aprender a lidar com seus sentimentos sem um objeto específico. No início parecerá impossível convencê-la, mas a maturidade chega.
O que fazer: de forma progressiva, pais e mães devem explicar sobre a necessidade de a criança deixar a chupeta, de forma resumida e que ela entenda, explicando que ela agora cresceu. O colo e a tranquilidade vão ajudar nessa hora, assim como, no começo, a substituição por um outro objeto dado pelo adulto, como um bichinho de pelúcia, um paninho. O importante é deixar a criança calma e segura.
O que não fazer: tirar a chupeta barganhando, ameaçando ou apelando para fantasias, como “assim o Papai Noel não vai trazer presente de Natal” ou coisa que o valha, atrapalha muito o processo. Essa é a fase em que a criança vai começar a distinguir o que é a realidade, e ela poderá se sentir enganada. Desaparecer com a chupeta também deve ser descartado. A criança precisa confiar nos pais e na mudança para crescer.
LARGAR A MAMADEIRA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
A partir do desmame, a rigor, a criança já pode também pegar e depois largar a mamadeira. Na teoria. Na prática, o que mais costuma acontecer é os pequenos se apegarem um pouco mais de tempo ao leite servido assim. É normal já que o reflexo de sugar é mesmo intuitivo e comum a todos os bebês. A mamadeira, assim como objetos de apego como bichos de pelúcia ou paninhos, acaba se tornando um consolo para embalar o sono ou acordar pela manhã. A retirada, dessa forma, deve acontecer com muita conversa e paciência, no ritmo da criança, mas determinando um prazo para acabar.
O que fazer: falar com os pequenos ajuda bastante, explicando que o tempo de usar mamadeira já passou e que é preciso ficar grandinho. A maioria das crianças costuma até gostar da transição quando é oferecido um novo copo com bico ou o uso de canudos. Em mais alguns meses, até esses serão naturalmente abandonados quando a criança se sentir segura.
SE VESTIR SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
O vestir divide as crianças. Existem as que gostam muito de ser vestidas por causa dos bons momentos de conversa e carinho com os pais. E existem as que detestam, que preferem escolher e colocar cada peça de vestuário. Esse segundo time costuma estressar um pouco os pais, mas a verdade é que a criança tomar para si a tarefa de se vestir é uma boa ideia. Não é bom que ela leve horas nesse procedimento ou faça cena para escolher cada item, no entanto. Para isso, a intervenção dos adultos tem que ser muito firme e positiva.
O que fazer: para ajudar, o responsável pode separar e mostrar à criança duas ou três opções de roupas para que elas escolham rapidamente. É uma boa hora para explicar como amarrar os sapatos ou que no frio usamos blusas mais pesadas e no calor podemos sair de sandálias – assim evitam-se brigas desgastantes para todos. Com o tempo, a tendência é a criança entender o ritmo das coisas e participar sem encrencar.
O que não fazer: equilíbrio é a chave. Não se deve dar liberdade total para absurdos como deixar o pequeno sair de casaco no verão só porque ele bateu o pé, mas também tolher completamente a personalidade da criança e impor peças escolhidas pelos pais não ensina sobre independência e individualidade.
TOMAR BANHO OU ESCOVAR OS DESNTES SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 4 anos
É claro que algumas crianças demonstram mais cedo a habilidade para cuidar de si mesmas na hora do banho e de escovar os dentes. Mesmo ainda atrapalhadas com alguns movimentos – principalmente os mais complexos, como esfregar a cabeça –, muitas ficam orgulhosas de ao menos tentar fazer a maior parte sem a ajuda dos pais. E isso é importante: demonstrar a vontade de dominar o próprio corpo nesses momentos de higiene mostra o desenvolvimento da criança.
O que fazer: para incentivar os pequenos mais reticentes e reforçar o comportamento dos mais dispostos, o melhor é estar ao lado, mas não fazer nada além do essencial. Vá conversando, sugerindo o que ele deve fazer e perguntando se está lembrado como fazer, mas é bom diminuir a participação a partir de um certo ponto. Mostrar essa segurança traz mais confiança aos pequenos.
O que não fazer: aqueles pais que dominam completamente a situação, lavando cada parte do corpo das crianças e escovando seus dentes sem deixar que elas sequer encostem na esponja ou na escova estão criando dependência. E fazem a criança acreditar que ela não tem competência para cuidar de qualquer parte desse processo. Nos anos seguintes, mudar esse cenário ficará muito mais complicado.
APRENDER A LER
Fase que costuma acontecer: A partir de 5 anos
Tudo vai depender da maturidade e do interesse da criança – mas é certo que aquelas que tiveram mais contato com livros e cujos pais contaram mais histórias se dispõem mais rápido a essa atividade. A pré-escola também tem um papel fundamental no preparo dos pequenos para a leitura e a alfabetização, pois é lá que acontece boa parte do contato inicial com o aprendizado e onde se formará a base que vai ditar o futuro escolar das crianças.
O que fazer: é essencial, primeiramente, dar o exemplo. Pais que leem passam o hábito aos filhos pela comparação. Estar junto deles desde cedo, mostrando bons livros, contando histórias com interpretação e vontade, traz o desejo da leitura. Quando o processo de ler em si começa, a criança precisa ser estimulada e também parabenizada. Elogiar e valorizar os esforços dos pequeninos nesse sentido vai dar-lhes confiança para continuar aprendendo e elevar a criatividade também. Mantenha sempre lápis e papel à mão, sugerindo que eles escrevam e desenhem uma historinha inventada ou conhecida se sentirem vontade durante um bate-papo. E é vital estar sempre em contato com os professores da escola para saber como o processo está correndo por lá, trocando informações e não forçando desafios difíceis demais para cada fase.
Fonte: Marcelo Reibscheid (pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz e criador do Portal Pediatria em Foco), Christine Bruder (psicóloga e psicanalista especializada em primeira infância),Louise Souza (pediatra) e Maria Laura Flores (pedagoga).