Para minimizar as
muitas dúvidas sobre o amadurecimento das crianças durante a primeira infância,
especialistas explicam quando ocorrem os principais marcos do desenvolvimento
infantil. Os profissionais consultados ressaltam que cada criança se desenvolve a seu tempo, mas existe
uma idade que serve de parâmetro para os pais acompanharem o crescimento dos
seus filhos. Confira abaixo:
FIRMAR A CABEÇA
Fase que costuma acontecer:
entre 2 e 3 meses.
Firmar bem a cabeça
aos 2 meses é uma das provas de que o desenvolvimento psicomotor do bebê está
excelente. Alguns começam, com 30 ou 40 dias, a mostrar que já dirigem o
pescoço quando ainda estão deitados – e logo começam a fazê-lo também no colo
dos adultos. Geralmente, é perto do terceiro mês que a cabeça do bebê ganha a
forma mais arredondada e definitiva e ele começa a ficar deitado com o rosto
virado para cima, e não mais somente apoiada de um dos lados. Em pouco tempo, a
cabecinha já fica ereta e, em seguida, passa a procurar os rostos conhecidos em
volta.
O
que fazer: ficar atento
a essa fase é importante (apesar de ser ainda mais importante saber que cada
criança tem um ritmo e, logicamente, algumas levam mais tempo para alcançá-la).
Alguns bebês que não firmam a cabeça, como explica a pediatra Louise Souza, podem
ter contraído a toxoplasmose congênita. “Trata-se de um mal que, em casos mais
graves, pode causar atraso mental e lesões oculares”, diz ela. Essa condição,
no entanto, costuma ser detectada ainda na gravidez. Para ajudar os pequenos
nesse comecinho de experiências com o corpo, basta procurar chamar a atenção
deles com sons suaves e agradáveis e notar que a cabeça começará a se
movimentar e fortalecer.
ALCANÇAR OBJETOS
Fase
que costuma acontecer: A partir dos 4 meses.
Conforme os bebês
começam a se interessar pelo ambiente ao redor, eles iniciam as tentativas de
apanhar objetos próximos – e começam também a aguçar a visão e a audição para
reparar no que há à sua volta.
O
que fazer: o interesse nos objetos é que vai ajudar o bebê a
usar braços, pernas, tronco e toda sua vontade para ir atrás do que deseja. Com
isso, ele fica ainda mais contente ao aprender que pode se arrastar e esticar
até o brinquedo ou outro artigo qualquer, causando uma sensação boa e
desenvolvendo corpo e mente. Basta oferecer objetos que estimulem interesse.
O
que não fazer: empolgados com essa nova demonstração de iniciativa
das crianças, alguns pais decidem se adiantar e oferecer a elas tudo o que
existe à mão para estimular a brincadeira. Mas talvez seja essa a hora de
observar mais e “entregar” menos: é o momento de deixar o pequenino ir à luta
pela primeira vez (e ajudar e acarinhar se surgir aquele choro de frustração,
claro).
ROLAR
Fase que costuma acontecer:
entre 5 e seis meses.
Os pequeninos mais
apressadinhos começam a rolar a partir dos 2 ou 3 meses. É provável que eles
comecem a fazer o movimento a partir da posição de barriga para cima até virar
de costas e, aos 5 ou 6 meses, façam também o movimento completo – até voltar
para a posição inicial. Essa habilidade vem junto com o desenvolvimento do
pescoço e dos músculos dos braços das crianças. Elas usam essas partes do corpo
para levantar o tronco e observar o que há em volta, se interessando pelo mundo
(ou apenas por aquele brinquedinho colorido que pareceu tão divertido).
O
que fazer: para ajudá-lo
no processo, é bom deixar o bebê se esticar em espaços seguros e ligeiramente
fofos, onde ele pode sentir o efeito dos movimentos e ganhar “tração”.
O
que não fazer: não é preciso, no berço ou no tapete de brincar,
espremer a criança entre objetos, pois isso pode limitar a ação. Segurar demais
o bebê no colo também não é o ideal, pois ele pode se acomodar em uma mesma
posição.
SURGIR OS DENTES
Fase que costuma acontecer: A
partir dos 6 meses.
O aparecimento dos
primeiros dentinhos das crianças é um grande motivo de preocupação dos pais.
Algumas vezes eles dão o ar da graça muito cedo, já aos 4 meses de vida do
bebê; para outras crianças, isso só acontece a partir dos 6 meses – ou até
mesmo 8 ou 9 meses. Somente crianças cujos dentes não aparecem até um ano são
motivo para procurar um especialista. Antes disso, o mais certo é que os dentes
aparecerão e, com eles, um bocado de dor e manha para os pequeninos. Acontece
que algumas crianças possuem gengivas mais grossas e fibrosas do que outras,
daí a diferença no aparecimento dos dentes.
O
que fazer: para
ajudar, os pais podem oferecer mordedores específicos que possam ser
resfriados, já que o gelado colabora para amortecer a dor. Pomadas em gel para
tirar a sensibilidade? Cada pediatra tem uma opinião sobre isso, então só se
deve usar depois de discutir o caso com um profissional.
SENTAR
Fase que costuma acontecer: A
partir dos 8 meses.
Essa é uma das
fases que podem variar bastante entre as crianças. Existem as que, aos cinco
meses, já mostram ter a possibilidade de sentar apoiando as costas em almofadas,
por exemplo. Tudo depende da evolução dos músculos das costas e pescoço. Um ou
dois meses depois, os pequenos já estão sentando sem precisar de um bom apoio,
permanecendo assim por alguns minutos sem reclamar e até brincando por mais
tempo. Crianças com peso maior costumam demorar mais para conseguir ficar
sentadas e sem apoio por algum tempo – e a tendência de várias delas, enquanto
aprendem a controlar o corpo, é tombar para os lados nas primeiras vezes.
O
que fazer: os adultos podem ajudar, primeiramente, servindo de
apoio com as mãos, auxiliando e escorando o bebê com almofadas apropriadas (em
forma de meia-lua) ou apenas estando bem próximos para ajudar a equilibrar.
Essa nova perspectiva de mundo costuma alegrar muito as crianças, que então ganham
muitas maneiras de brincar e interagir com o meio.
ENGATINHAR
Fase que costuma acontecer: A
partir de 9 a 11 meses.
A partir da posição
sentada, a criança começa a se aprontar para explorar ainda mais o mundo e em
um nível totalmente novo. Levantando primeiramente o tronco com as mãos e o
auxílio dos joelhos, os bebês partem para descobrir o movimento independente –
da forma que eles conseguirem. Isso porque nem sempre os bebês engatinham
daquela maneira clássica, e sim progredindo com as pernas esticadas, deitando e
usando apenas braços como um soldado ou mesmo se arrastando de lado, puxando
com um braço. Alguns bebês, inclusive, pulam completamente a fase de engatinhar
(e isso não deve ser nenhum motivo para preocupação ou frustração).
O
que fazer: se
a ideia, porém, for ajudar o pequeno a descobrir esse movimento, almofadas do
tipo rolo podem ajudar. Apoiando o bebê com a barriga encostada no rolo,
segurando firme e mostrando a graça da brincadeira de ir e voltar, ele pode
começar a perceber como a locomoção é divertida e, fortalecendo os joelhos e
cotovelos, partir para o engatinhar. Muitos educadores, como a pedagoga Maria
Laura Flores, garantem que o engatinhamento é importante porque “assim, o bebê
aprende a dominar os movimentos e, portanto, ativa novas zonas cerebrais da
coordenação de reflexos”.
FICAR EM PÉ
Fase que costuma acontecer: A partir dos 10 meses
Com o domínio da
arte de engatinhar, muitas crianças logo descobrem a força das pernas para
levantar segurando em mesinhas, cadeiras e outros móveis. Com esse apoio, a
partir dos 10 meses muitas delas já são capazes de se erguer por completo e,
algumas semanas depois, já ensaiam alguns passos. Ficar em pé é apenas uma das
novas artimanhas, e o bebê precisa coordená-la com a possibilidade de estar
ereto e ainda girar o corpo para olhar para os lados, brincar ou comer usando
as mãos para se segurar e tentar alcançar algo que está no alto usando as
pontas dos pés.
O
que fazer: tudo isso servirá para o desenvolvimento cerebral e
motor – e tudo o que os adultos devem fazer é garantir a segurança com esse
novo ser humano articulado e oferecer estímulos que atraiam o futuro andarilho.
DORMIR A NOITE TODA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Não há um consenso,
mesmo entre especialistas, sobre quando uma criança já deve dormir a noite
toda. Alguns dizem que, a partir de 2 meses e se o ganho de peso estiver
normal, as mães já podem deixar por conta do bebê a hora de acordar. Muitos, já
mesmo por essa fase, começam então a dormir cerca de oito horas seguidas. Mas
mesmo os maiores, até um ano, podem despertar quando sentem fome – e a mamada
da noite pode ser mantida por mais tempo.
O
que fazer: mantendo uma rotina tranquila e com horários bem
definidos (hora das refeições, sonecas e momentos de brincar), os pais podem
começar a mostrar às crianças que elas têm hora para dormir, que podem fazê-lo
por conta própria e que ficarão bem em suas caminhas.
O
que não fazer: o importante é perceber se a criança de fato sente a
necessidade do leite ou apenas se acostumou com a presença confortante no meio
da madrugada. Vale dizer que, levando em conta o metabolismo e a necessidade
das crianças, a partir dos 6 meses elas já são completamente capazes de dormir
uma noite completa.
COMER DE TUDO
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
A rigor, a partir
dos 6 meses (ou mesmo algumas semanas antes para as crianças que entram no
leite em pó), já é possível introduzir frutas na alimentação do bebê. Algumas
são mais indicadas para começar esse processo, como mamão e laranja-lima, e
logo é possível partir para outras como maçã, pera e banana prata.
Para beber, o consenso não é total entre os pediatras, mas alguns sugerem que
não há necessidade de chazinhos ou sucos e apenas a água já presente no leite
materno ou na fórmula preparada são suficientes até os 6 meses. Na realidade,
os bebês começam a se interessar pela comida nessa fase, então é o momento
ideal para apresentar os alimentos. Aos 9 ou 10 meses, a maioria
já está comendo papinhas salgadas, que devem ser preparadas com água, dois ou
três tipos de legumes e um tipo de carne.
O
que fazer: ao servir, os pais devem apenas separar a carne e
amassar os legumes com um garfo. Além de estimular a mastigação e preservar
melhor as fibras, a diversidade de cores e sabores se mantém melhor assim – e
os pequenos aprendem a saborear cada alimento, perceber texturas e sentir
cheiros e gostos. Os que apelam para tocar na comida também têm a sua vez:
“Essa é a forma que as crianças encontram para explorar o prato”, diz Christine
Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development. E, como
bônus, criam uma relação feliz com a hora de comer.
ANDAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
No início, logo
após ter afinal descoberto as maravilhas de estar em pé, cair é quase uma
constante na vida das crianças – mas os pais devem controlar a vontade de
prevenir essas quedas e o impulso de manter os pequenos eretos a qualquer
custo. Com a coragem estabelecida, em pouco tempo a criança que caminhava
cambaleante estará correndo, basta ter paciência.
O
que fazer: a verdade é que a pressa será a pior inimiga nessa
hora. Andar é um dos grandes avanços das crianças, um marco no crescimento
delas – e grande parte só o faz quando sente 100% de segurança, um período que
pode levar semanas ou até meses após ficar em pé pela primeira vez.
O
que não fazer: oferecer as mãos para estimular as crianças a firmar
os passos pode ser uma boa ideia em algumas oportunidades, mas partir para
andadores, por exemplo, pode acabar retardando o processo de andar sem apoio.
COMEÇAR A FALAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Os bebês, na
verdade, descobrem o poder da voz bastante cedo, desde o choro das primeiras
semanas para chamar a atenção para suas necessidades. Aos poucos, já a partir
dos 6 meses, por imitação das pessoas ao redor, eles passam a usar primeiro os
lábios e depois a língua para demonstrar com palavras murmuradas o que desejam.
A partir de um ano a maioria já sabe usar bem certas palavras e, em mais alguns
meses, conseguem formular ideias e até fazer inflexões – como para mostrar
alegria ou surpresa.
O
que fazer: os pais que
entendem todos esses primeiros sons e balbucios como uma conversa são os que
mais auxiliam os filhos a aprender a falar cada dia melhor e mais rápido.
“Quando a criança percebe que corresponde ao seu ato de tentar dizer alguma
coisa, ela se sente estimulada a se comunicar”, diz a psicóloga e psicanalista
do berçário Primetime Child Development, Christine Bruder.
O
que não fazer: as duas piores coisas a fazer nesse momento são,
primeiro, tentar apressar a comunicação e começar a “adivinhar” o que a criança
tenta dizer, passando a frente dela e forçando palavras que ela ainda não
entende bem. Em segundo, é fazer exatamente o contrário: achar que eles não
entendem nada mesmo e falar pouco com os pequenos, que provavelmente se
sentirão inibidos ou ignorados.
DESMAMAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
O desmame das
crianças pode acontecer de diversas maneiras, inclusive por vontade delas. Com
a introdução de novos alimentos e a menor necessidade do leite, alguns bebês
começam a se desinteressar – enquanto outros, até pela gostosa sensação de
estar junto à mãe, seguem mamando até que haja a decisão da mãe de encerrar o
período de amamentação. Os médicos se dividem nessa hora: alguns sugerem fazer
a retirada rapidamente, enquanto outros preferem o modo gradativo. O certo é
que essa pode ser uma época de muitos conflitos emocionais para mães e filhos.
Mas é importante saber que o desmame não causará traumas e logo os pequenos
superam a fase.
O
que fazer: a partir de um ano, grande parte das pessoas inicia
o desmame dos bebês (note que a Organização Mundial da Saúde sugere amamentação
até os dois anos). “Se for o caso de parar, pedir ajuda de outro adulto pode
ser uma boa solução. As crianças desenvolvem uma forte ligação com as mães pela
amamentação, e mesmo o cheiro ou a posição de costume vai lembrá-las do leite
materno”, explica o pediatra Marcelo Reibscheid. Com a mamadeira, o pai ou
outra pessoa pode revezar na hora do leite e, em pouco tempo, a criança aprenderá
a receber o novo alimento.
O
que não fazer: esqueça o sentimento de culpa que muitas vezes
acompanha as mães que deixam de amamentar – e tenha certeza que o bebê estará
bem com a nova ordem. Mães seguras passam essa tranquilidade para a criança e a
deixa mais confortável para aceitar a novidade.
COMER SOZINHA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Ou quando a criança
demonstrar interesse por apanhar a colher e tentar fazer os movimentos até a
boca. Isso mostra que ela está motivada a crescer, que gosta da conquista de
liberdade ao participar mais ativamente da hora das refeições.
O
que fazer: mesmo que haja uma preocupação com a segurança, é
importante deixar a criança fazer suas tentativas. Para evitar uma bagunça
generalizada, que costuma mesmo acontecer entre os pequenos que ainda não
dominam toda a coordenação motora, os pais podem forrar o chão com um jornal ou
usar jogos americanos plásticos para assegurar a limpeza. E então
podem deixar os detalhes da higiene de lado e se concentrar, assim como o
pequeno, na nova tarefa de levar a comida até a boca. Felicitar a criança pelos
progressos é muito válido, assim como sugerir, com delicadeza, outras formas de
comer, como espetar um pedacinho de carne ou apoiar a colher nos dedos.
O
que não fazer: respeitar
ao máximo o desenvolvimento da criança é essencial. Brigar ou criticar aquele
momento pode afastar o bebê da vontade de dominar essa arte.
DEIXAR AS FRALDAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Em geral, o segundo
ano do bebê já começa a ser o momento de iniciar a retirada das fraldas
(lembrando que cada criança tem um ritmo e isso pode acontecer tanto antes, já
aos 18 meses, quanto bem depois, aos três anos). Por essa idade, quando a
criança começa a se incomodar mais por estar com fraldas sujas, ela mesma já
pode pedir pela troca ou mostrar mais interesse pelo banheiro, pelo papel
higiênico e pelo penico. Esteja sempre a postos para levá-la ao banheiro assim
que vier um pedido e se prepare para as muitas “escapadas” de xixi e coco. Tudo
isso é normal. Em algumas semanas os pequenos passam a entender a dinâmica.
O
que fazer: ao notar as fraldas secas com mais frequência nas
trocas, os pais já podem começar a deixar a criança só com calcinha ou cueca
por alguns momentos, explicando para ela a novidade. Muitos já começam aí a
avisar sobre a vontade de fazer xixi ou coco e, em mais algum tempo, passam a
ajudar com a retirada das roupinhas para correr para o banheiro. O penico, se
for a opção antes do vaso em si, deve ter um local fixo: a criança precisa
perceber a distância e ter a noção da velocidade para ir usá-lo, adquirindo
consciência corporal. Correr atrás dela com o penico tira essa consciência.
O
que não fazer: os pais não devem ter pressa nesse processo. Uma
criança que não tem maturidade para controlar a saída do xixi e do coco e é
forçada a deixar as fraldas pode vir a ter problemas de incontinência urinária
ou de intestino preso, por exemplo.
BRINCAR COM OUTRAS CRIANÇAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Quando a fase do
individualismo vai passando, ali pelos dois anos, as crianças já começam a ter
uma percepção muito maior da existência do outro. Antes disso, elas mal
percebem outras crianças e normalmente preferem estar entretidas em uma
brincadeira solo, territorial. Depois, começam a partilhar melhor especialmente
as brincadeiras de faz de conta, com bonecos ou bichinhos, e construir as
parcerias.
O
que fazer: “Mais do que brincar ‘com’, é importante brincar ‘ao
lado’”, diz a psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development,
Christine Bruder. Ela explica que pais não precisam gerenciar as habilidades sociais
do filho, mas devem deixar as crianças brincarem com segurança entre si e
tentarem resolver conflitos menores. Mediar é o melhor a fazer – propondo
soluções quando a briga fica mais feia ou quando se é solicitado.
O
que não fazer: não há a menor necessidade de intervir o tempo
inteiro, mesmo antes de qualquer conflito, para mostrar “como meu filho é bem
educado”. Ficar constantemente bloqueando as ações da criança não lhe dá
liberdade para se aproximar de verdade dos demais.
LARGAR A CHUPETA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
É claro que algumas
crianças nem mesmo se apegam às chupetas – algumas jamais a reconhecem como
consolo, outras rapidamente as abandonam mesmo antes dos três anos. Para as que
usam com mais intensidade, a chupeta serve como um abrigo de emoções. Mas, após
um certo período, a criança precisará amadurecer e aprender a lidar com seus
sentimentos sem um objeto específico. No início parecerá impossível
convencê-la, mas a maturidade chega.
O
que fazer: de forma progressiva, pais e mães devem explicar
sobre a necessidade de a criança deixar a chupeta, de forma resumida e que ela
entenda, explicando que ela agora cresceu. O colo e a
tranquilidade vão ajudar nessa hora, assim como, no começo, a substituição por
um outro objeto dado pelo adulto, como um bichinho de pelúcia, um paninho. O
importante é deixar a criança calma e segura.
O
que não fazer: tirar
a chupeta barganhando, ameaçando ou apelando para fantasias, como “assim o
Papai Noel não vai trazer presente de Natal” ou coisa que o valha, atrapalha
muito o processo. Essa é a fase em que a criança vai começar a distinguir o que
é a realidade, e ela poderá se sentir enganada. Desaparecer com a chupeta
também deve ser descartado. A criança precisa confiar nos pais e na mudança
para crescer.
LARGAR A MAMADEIRA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
A partir do
desmame, a rigor, a criança já pode também pegar e depois largar a mamadeira.
Na teoria. Na prática, o que mais costuma acontecer é os pequenos se apegarem
um pouco mais de tempo ao leite servido assim. É normal já que o reflexo de
sugar é mesmo intuitivo e comum a todos os bebês. A mamadeira, assim como
objetos de apego como bichos de pelúcia ou paninhos, acaba se tornando um
consolo para embalar o sono ou acordar pela manhã. A retirada, dessa forma,
deve acontecer com muita conversa e paciência, no ritmo da criança, mas
determinando um prazo para acabar.
O
que fazer: falar com os pequenos ajuda bastante, explicando que
o tempo de usar mamadeira já passou e que é preciso ficar grandinho. A maioria das
crianças costuma até gostar da transição quando é oferecido um novo copo com
bico ou o uso de canudos. Em mais alguns meses, até esses serão naturalmente
abandonados quando a criança se sentir segura.
SE VESTIR SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
O vestir divide as
crianças. Existem as que gostam muito de ser vestidas por causa dos bons
momentos de conversa e carinho com os pais. E existem as que detestam, que
preferem escolher e colocar cada peça de vestuário. Esse segundo time costuma
estressar um pouco os pais, mas a verdade é que a criança tomar para si a
tarefa de se vestir é uma boa ideia. Não é bom que ela leve horas nesse
procedimento ou faça cena para escolher cada item, no entanto. Para isso, a
intervenção dos adultos tem que ser muito firme e positiva.
O
que fazer: para
ajudar, o responsável pode separar e mostrar à criança duas ou três opções de
roupas para que elas escolham rapidamente. É uma boa hora para explicar como
amarrar os sapatos ou que no frio usamos blusas mais pesadas e no calor podemos
sair de sandálias – assim evitam-se brigas desgastantes para todos. Com o
tempo, a tendência é a criança entender o ritmo das coisas e participar sem
encrencar.
O
que não fazer: equilíbrio
é a chave. Não se deve dar liberdade total para absurdos como deixar o pequeno
sair de casaco no verão só porque ele bateu o pé, mas também tolher
completamente a personalidade da criança e impor peças escolhidas pelos pais
não ensina sobre independência e individualidade.
TOMAR BANHO OU ESCOVAR OS DESNTES SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 4 anos
É claro que algumas
crianças demonstram mais cedo a habilidade para cuidar de si mesmas na hora do
banho e de escovar os dentes. Mesmo ainda atrapalhadas com alguns movimentos –
principalmente os mais complexos, como esfregar a cabeça –, muitas ficam
orgulhosas de ao menos tentar fazer a maior parte sem a ajuda dos pais. E
isso é importante: demonstrar a vontade de dominar o próprio corpo nesses
momentos de higiene mostra o desenvolvimento da criança.
O
que fazer: para incentivar os pequenos mais reticentes e
reforçar o comportamento dos mais dispostos, o melhor é estar ao lado, mas não
fazer nada além do essencial. Vá conversando, sugerindo o que ele deve fazer e
perguntando se está lembrado como fazer, mas é bom diminuir a participação a
partir de um certo ponto. Mostrar essa segurança traz mais confiança aos
pequenos.
O
que não fazer: aqueles pais que dominam completamente a
situação, lavando cada parte do corpo das crianças e escovando seus dentes sem
deixar que elas sequer encostem na esponja ou na escova estão criando
dependência. E fazem a criança acreditar que ela não tem competência para
cuidar de qualquer parte desse processo. Nos anos seguintes, mudar esse cenário
ficará muito mais complicado.
APRENDER A LER
Fase que costuma acontecer: A partir de 5 anos
Tudo vai depender
da maturidade e do interesse da criança – mas é certo que aquelas que tiveram
mais contato com livros e cujos pais contaram mais histórias se dispõem mais
rápido a essa atividade. A pré-escola também tem um papel fundamental no
preparo dos pequenos para a leitura e a alfabetização, pois é lá que acontece
boa parte do contato inicial com o aprendizado e onde se formará a base que vai
ditar o futuro escolar das crianças.
O
que fazer: é essencial, primeiramente, dar o exemplo. Pais que
leem passam o hábito aos filhos pela comparação. Estar junto deles desde cedo,
mostrando bons livros, contando histórias com interpretação e vontade, traz o
desejo da leitura. Quando o processo de ler em si começa, a criança precisa ser
estimulada e também parabenizada. Elogiar e valorizar os esforços dos
pequeninos nesse sentido vai dar-lhes confiança para continuar aprendendo e
elevar a criatividade também. Mantenha sempre lápis e papel à mão, sugerindo
que eles escrevam e desenhem uma historinha inventada ou conhecida se sentirem
vontade durante um bate-papo. E é vital estar sempre em contato com os
professores da escola para saber como o processo está correndo por lá, trocando
informações e não forçando desafios difíceis demais para cada fase.
Fonte: Marcelo Reibscheid
(pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz e criador do Portal Pediatria em
Foco), Christine Bruder (psicóloga e psicanalista especializada
em primeira infância),Louise Souza (pediatra) e Maria
Laura Flores (pedagoga).