sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crianças X computadores: benefícios e males da era tecnológica

Manter as crianças longe do computador ou ensiná-las desde cedo? Especialistas debatem o dilema entre educação e proibição
Antigamente não tinha choro nem vela: a brincadeira fora ou dentro de casa consistia basicamente de atividades com bolas, bonecos, carrinhos e jogos como esconde-esconde. Hoje, são poucas as crianças que nunca pediram para mexer no celular da mãe ou não tentaram descobrir o que havia de tão interessante na tela do computador do pai. Mas até que ponto permitir o envolvimento com estes eletrônicos é benéfico aos filhos? Para Valdemar Setzer, professor aposentado do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (Universidade de São Paulo), não há o que discutir: até que eles cheguem aos 17 anos, passatempos tecnológicos deveriam estar fora de questão.

“Tanto o computador como todos os outros meios eletrônicos exigem uma enorme autodisciplina e um enorme autocontrole, coisa que as crianças e jovens não possuem”, afirma o especialista, também autor do livro “Meios Eletrônicos e a Educação: Uma Visão Alternativa” (Editora Escrituras). Segundo Setzer, as crianças ainda estão desenvolvendo a capacidade de discernir o que é verdadeiro ou falso, bom ou mau, e colocá-las diante de uma tela cheia de possibilidades e informações é uma porta aberta para diferentes perigos. Mas nem todos os especialistas são tão radicais. Tadeu Terra, professor e Diretor Editorial de Mídia Digital do COC, escola pioneira no uso de computadores em salas de aula, defende que o papel dos pais é ser guia e mediador na relação com a tecnologia, e não proibidor –  até porque, segundo ele, as crianças terão contato com celulares, computadores e com a internet quer os pais permitam, quer não.
Para Setzer, o tipo de pensamento estimulado pelo computador é excessivamente exato e restrito para uma criança. “Ele prejudica a capacidade de pensar e imaginar delas, mostrando que o uso frequente do computador é um dos fatores para a piora do rendimento escolar, por exemplo”.

Criatividade em falta?
 
“Qualquer atividade virtual é irreal e se apresentam figuras e desenhos, não há a imaginação. Porque usar o computador se há jogos que podem ser jogados com as mãos?”, questiona Setzer. Ao contrário dele, Tadeu Terra não vê o universo virtual como tamanha ameaça às crianças. “Os jogos físicos e virtuais podem ser equivalentes: a questão está na proposta do jogo, e não no meio utilizado”, diz. Segundo ele, os pais devem pensar primeiro em quais habilidades a criança está desenvolvendo.

O pediatra antroposófico Antonio Carlos de Souza Aranha concorda com a questão levantada por Setzer. “É importante que a criança desenvolva primeiramente a criatividade e o raciocínio para depois utilizar os meios eletrônicos livremente, sem se tornar dependente da tecnologia”, acredita. As festas infantis atuais exemplificam bem o que ele quer dizer: enquanto hoje costuma haver a necessidade de um ambiente temático, além de um profissional para animar a festa de aniversário do filho, antigamente só era necessário deixar as crianças no quintal para que elas inventassem o que fazer e se divertissem. “Hoje em dia as crianças são cada vez mais consumidoras e menos criativas em todos os níveis – ação, emoção e pensamento – e isso é um grande perigo”, diz o pediatra.

No entanto, se houver uma ênfase da família em desenvolver estes três níveis de capacidade, colocar a criança em contato com o computador ou até mesmo com a televisão pode ocorrer sem malefícios. Por outro lado, se houver acomodação dos pais, a coisa muda de figura: colocar uma criança sem supervisão diante de um destes meios é arriscado.

Tecnologia 24 horas 

Deixar a criança brincando no computador o tempo inteiro está mesmo fora de cogitação. De acordo com Terra, os pais devem estabelecer uma disciplina para o uso dos meios eletrônicos, e não simplesmente eliminar o computador da vida dos filhos. “As crianças já possuem uma atração muito grande pela tecnologia, a menos que você nunca a deixe chegar perto de qualquer meio eletrônico”, afirma. Contando que grande número de adultos anda para lá e para cá com celulares em mãos, este contato se torna inevitável. “Uma criança de três anos já é capaz de entrar sozinha na internet e assistir um vídeo no Youtube, então você precisa mostrar o que aquilo significa”, revela ele.
Embora os meios eletrônicos estejam espalhados por todos os lados e haja a possibilidade de serem utilizados de maneira correta por crianças e jovens, Terra ainda aponta que há riscos a serem evitados. “Como pai e educador, minha função não é a de tirar o computador das crianças, mas sim de mostrar o que significa. Senão ele vai fazer escondido”, afirma.
Evitar que um pré-adolescente crie um perfil numa rede social, por exemplo, é bastante difícil, mesmo que os pais o proíbam. A questão, portanto, é: quem irá informá-lo sobre as medidas que devem ser tomadas por questão de segurança, como por exemplo, não revelar informações pessoais? “Existem vários pais que acham que os filhos nem sabem mexer no computador, mas um dia descobrem que eles têm até perfil no Orkut. Incluir a tecnologia como algo que faz parte do dia a dia e vê-la de forma positiva é necessário”, acredita Terra.
Mas tampouco é preciso colocar um computador no quarto do seu filho para que ele não se sinta “por fora” diante dos colegas de escola. O pediatra ressalta que, junto às atividades de introdução à informática, é essencial que as crianças tenham outros estímulos: “Os pais devem se preocupar em desenvolvê-las através das artes, das atividades criativas e também das atividades físicas”. Afinal, levar somente a facilidade mecânica dos computadores em consideração não colabora para o desenvolvimento de novas capacidades. É como aprender a fazer contas direto na calculadora: você perde a aquisição da capacidade mental de calcular.
Faixa etária e autonomia 
O professor Valdemar Setzer é categórico: o uso de computadores sozinho, sem supervisão dos pais, deve começar somente a partir dos 17 anos – segundo ele, a idade em que o jovem já está preparado para utilizar a tecnologia de forma saudável. O pediatra Antonio Carlos de Souza Aranha é menos radical: para ele, a partir dos 14 anos já é possível que o jovem utilize a informática com autonomia, sem a possibilidade de se tornar dependente: “Os pais são livres para educarem os filhos como preferirem, mas a criança que não desenvolver capacidades criativas poderá usar o computador para fugir do contato com o mundo – assim como algumas fogem nas drogas”.
Terra discorda. “Existem atividades educativas que as crianças de quatro anos já podem realizar no computador, naturalmente acompanhadas dos pais”, revela ele. “Mas é necessário realizar um trabalho para que ele chegue na adolescência agindo de forma segura diante da internet, por exemplo”, completa. Segundo ele, a criança entrará em contato, de uma maneira ou de outra, com a tecnologia, e terá mais interesse de descobrir o que é o plano digital. “À medida que ela for solicitando isso, os pais devem ter muita atenção: não é como deixar a criança brincando com uma bola no quintal. Os riscos que ela corre diante do computador são realmente maiores”, revela o especialista.
“A civilização não andaria hoje sem o computador, mas a criança deve passar pelas etapas que a humanidade toda já passou até agora”, resume Antonio Carlos. Ou seja: desenvolver primeiro a criatividade e o raciocínio próprios, para depois dominar uma ferramenta que é parte integrante da vida moderna – e que jamais funcionaria sem a criatividade e o raciocínio humanos.
Fonte: Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 16/08/2010

93% das crianças assistem TV todos os dias, aponta pesquisa

Segundo estudo, 61% dos pequenos entrevistados assistem televisão ao lado da mãe, enquanto 31% ficam sozinhos

É difícil encontrar uma criança que não saiba recitar na ponta da língua quais os desenhos mais populares da atualidade. Essa percepção observada por quem convive com os pequenos mostra na prática o que uma pesquisa do Instituto Ipsos, divulgada nesta quinta-feira (31), trouxe em números: 98% das crianças assistem televisão, sendo que 93% fazem a atividade diariamente.Getty Images
Pesquisa mostra que 98% das crianças assistem televisão, sendo que 93% fazem a atividade diariamente
A participação dos pais nesse momento da rotina dos filhos aumenta aos finais de semana. As crianças declararam que em dias de semana 61% das mães e 23% dos pais assistem TV ao lado delas. Aos sábados e domingos, esses índices sobem para 70% e 41% respectivamente. Mesmo sendo uma atividade presente na rotina de quase todas as crianças, 69% disseram que preferem brincar ao livre a assistir televisão e 30% gostam mais de jogar videogame. 

A nova chupeta
O estudo aponta que 32% das crianças acessam a internet, mas 90% não podem fazê-lo sempre que desejam. Os dados mostram também que 33% dos entrevistados desempenham essa atividade todos os dias. Os endereços mais acessados são o da rede social Facebook (19%), do canal de vídeos Youtube (19%), sites de jogos de filmes (19%) e o de pesquisas Google (16%).
Fonte: iG São Paulo | 01/11/2013 08:37:41

Tradicional x eletrônico: um tipo de brinquedo é melhor do que o outro?

Entregue um smartphone na mão de uma criança e em poucos minutos ela terá descoberto a galeria de fotos e grande parte dos aplicativos disponíveis. O mesmo vale para brinquedos eletrônicos em geral: diante de um laptop infantil, por exemplo, os pequenos não precisam de manual de instruções - simplesmente apertam os botões e encontram suas atividades. A presença da tecnologia na vida das crianças é cada vez mais natural. Isso se deve, principalmente, à realidade dos adultos que as rodeiam.
Alexandre Carvalho/ Fotoarena
A pequena Pietra, de 4 anos, divide a atenção entre seus bonecos e o tablet da mãe
"Desde bebês, as crianças percebem três símbolos do poder adulto: a chave, o telefone e o controle remoto. São eles que desencadeiam a vontade de controlar as situações - como abrir portas ou escolher o canal da TV. Naturalmente surge o interesse pelos computadores também. Os conceitos por trás desses objetos e de seus usos, ou seja, a valorização do poder decidir, da velocidade e da multitarefa, que são fatores importantes hoje em dia, são adaptados ao universo infantil para o surgimento dos brinquedos eletrônicos que conhecemos. Assim, os brinquedos eletrônicos se tornaram os objetos de valor do nosso tempo", explica a pedagoga Tânia Fortuna, coordenadora geral do programa de extensão universitária Quem quer brincar? , da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
É a partir desta linha de pensamento que muitas novidades do mercado são criadas. Kathleen Alfano, especialista em primeira infância da Mattel e diretora do Playlab de Fisher-Price, revela que a popularização dos tablets forçou a empresa a ser criativa. “Sempre nos baseamos em produtos do mundo adulto e os transformamos em brinquedos. Conseguimos fazer um tablet seguro e adequado, por exemplo, com bons aplicativos para o desenvolvimento das crianças.”
Sem comparações
Mesmo com a tecnologia tão presente no dia a dia das famílias, muitas pessoas ainda se mostram saudosas das brincadeiras mais antigas. Entretanto, frases taxativas como “brinquedos bons eram os do meu tempo” estão sendo cada vez mais questionadas. Segundo especialistas, há espaço tanto para os brinquedos eletrônicos quanto para os tradicionais e não é possível uma comparação direta entre eles.
“Nesse caso, não existe melhor ou pior. Tudo depende da criança e da maneira como ela interage com o objeto lúdico. O ideal é aquele que entretenha e crie situações que propiciem o deslocamento espaço-temporal por meio da imaginação, o que independe do formato do brinquedo”, defende a doutora em educação Maria do Carmo Kobayashi, professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Bauru. Tânia concorda e acrescenta: “o brinquedo que vem todo pronto ou faz tudo sozinho não é bom, e pode ser tanto uma cama de boneca com as partes coladas quanto um robô que só precisa ser ligado.”

 Foto:Alexandre Carvalho/Fotoarena
Mesmo sendo fã de tablet e laptop, Pietra não abre mão de brincar com alguns itens mais tradicionais como seu jogo de princesas
Apetrechos modernos e ursinhos
Na casa de Ana Paula Santamaria Zeizer, as bonecas e os bichinhos de pelúcia de Pietra, de 4 anos, dividem espaço com apetrechos modernos. A publicitária paulistana conta que a filha gosta de todo tipo de brinquedo e que cada um tem seu momento de atenção. “Ela é vidrada em ursinhos, damos nomes para eles, inventamos diálogos. Mas também quer brincar com o laptop ou com meu tablet à noite. Um não anula o outro”, diz. Para a mãe, é natural que a pequena tenha interesses múltiplos. “Ela vê meu marido no computador, me vê com o smartphone, como não vai querer também? Não vejo problemas porque existem aplicativos educativos. Apenas faço questão de que sempre um de nós esteja presente para orientar”, afirma.
Essa interação dos pais é, para as pedagogas, essencial. “O papel do adulto é conversar com as crianças sobre o uso de todos os tipos de brinquedos. Cabe a ele se certificar que o brinquedo está sendo usado corretamente. Além disso, também deve determinar o tempo de cada atividade”, esclarece Tânia. “O responsável deve filtrar o que a criança pode acessar, especialmente em casos de jogos com conteúdos não eticamente viáveis para o cérebro infantil”, complementa Maria do Carmo.
Nem sempre os pais acertam como dosar os brinquedos logo de cara. Por causa da profissão, a analista de sistemas Aline de Assis pensava que deveria deixar Breno, de 9 anos, usar computador e videogame livremente. “Até que um dia, dois anos atrás, cheguei em casa e vi meu filho jogando um game de guerra e falando palavrões diante da televisão. Fiquei em choque. Expliquei que violência é uma coisa ruim e que ficava magoada por ouvi-lo usando aquela linguagem. Ele me contou que havia trocado outro brinquedo pelo game, com um colega da escola”, lembra. A curitibana se sentiu péssima, mas superou o trauma e desde então monitora as brincadeiras do menino. “É minha obrigação como mãe. Os brinquedos entretêm, mas quem educa sou eu”, finaliza.
Acerte na compra
Para quem deseja acertar na compra do brinquedo, mas não sabe escolher corretamente, uma ótima dica é prestar atenção nas indicações contidas nas caixas. “A questão da segurança é muito importante. Verifique se tem selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) ou da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos). Também procure notar se o brinquedo solta tinta ou possui peças que possam ser engolidas ou entrem em algum orifício do corpo da criança”, orienta Maria do Carmo.
Além dos aspectos técnicos, é bom pensar na criança em questão, como alerta Tânia: “as indicações de idade nem sempre se aplicam ao presenteado. É essencial levar em consideração as capacidades cognitivas de cada um para que o brinquedo agrade e tenha sentido”.
Fonte: iG São Paulo | 27/11/2012 08:53

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Afeto é a matéria-prima do ensino

Saber que é querido pelo professor torna o aprendizado muito melhor. E isso é fundamental para criança desenvolver sua criatividade.

Por Adriana Teixeira 4/out/2013 22:48
Pra falar de crianças e de professores – dois importantes homenageados deste mês de outubro – vou contar uma história bacana, que aconteceu de verdade, e, mais importante, só aconteceu porque um dia um professor muito inspirado prestou atenção especial em seus alunos...  
O dia das crianças se aproximava e o tal professor, Javier Naranjo, pediu à sala de aula que fizesse uma pequena redação com o tema: o que é uma criança? Entre as histórias, uma em especial lhe chamou a atenção, que definia criança como:
 “um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir cedo”.
A partir dessa experiência, o professor Naranjo propôs outras dinâmicas, com alunos de várias idades, e o resultado foi compilado em um livro de 1999, chamado Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças.
Ao todo são 133 palavras com duas a três definições, todas elaboradas pelas crianças. Se não fosse só pela criatividade da iniciativa, digna de ser seguida para as aulas de português, as vendas do livro reverteram na criação de um projeto educativo do qual faz parte uma biblioteca, com uma agenda repleta de atividades culturais pra criançada soltar a imaginação, sob a orientação do ex-professor.
Sem falar no livro em si, que é uma obra de primeira linha, recentemente reeditado na Feira Internacional do Livro, em Bogotá.
O princípio básico do Casa das Estrelas, de acordo com o professor Naranjo, foi respeitar a voz das crianças e a secreta arquitetura de seu pensamento.  
Adulto, por exemplo, é “uma pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma”, na visão do garoto Andrés, de 8 anos;
Enquanto mãe, para Juan, de 6 anos, é aquela que “entende e depois vai dormir”.
Aos 12 anos, Ana definiu dinheiro como uma “coisa de interesse para os outros, com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos”. Perfeito, não? 
Me fez pensar na importância de ouvir nossas crianças para compreender suas queixas, necessidades e desejos. 
Minha filha de 10 anos recentemente queixou-se de “solidão”. Quando perguntei o que ela sabia de solidão, me disse: “é quando ninguém presta atenção no que a gente diz”. Não é que tem razão?
Outra coisa que muito satisfaz nessa história é seu final feliz: professor e criança juntos na construção de um objetivo comum -- o aprendizado. A criança assimilando, o professor multiplicando conhecimento – e ambos aprendendo também, óbvio. 
Nada a ver com as histórias de maus-tratos, falta de respeito e de amor que ouvimos tanto, e que tão pouco combinam com sala de aula. 
Agradeço imensamente as vezes que minhas crianças tiveram a oportunidade de encontrar professores especiais pela vida escolar. Não foram todos, ainda que vários tenham sido éticos, dedicados e corretos. Mas estou falando de mais do que isso, falo de inspiração e afeto – os detalhes que para uma criança constroem uma especial relação durante o aprendizado. 
A Bruna, por exemplo, era uma pequenina perdida na imensidão azul da piscina e ninguém no mundo fazia-a nadar... até que a Melina apareceu no caminho dela com a técnica, sim, mas com a atenção que só uma professora que ama o que faz poderia dar, e foi isso que mudou pra toda vida sua relação com a água.
Pense quando uma pessoa inspirada atravessa o caminho da gente... ele não fica mais enfeitado? Não parece que só sua presença já faz como que as coisas boas se multipliquem?
Pois então pense nessa pessoa sendo um (a) professor (a) inspirado... meu Deus, quanta obra-prima pode surgir da cabecinha fértil das nossas crianças! 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Saiba como prevenir e combater o ciberbullying

FERNANDA CALGARO-Para o UOL Tecnologia em 17/10/2013, de Londres
O anonimato, o acesso fácil às tecnologias e o impacto na internet de um vídeo ou uma foto tornam o ciberbullying ainda mais grave que o bullying "tradicional", segundo a avaliação de especialistas. E para que as vítimas, os pais e os professores saibam como lidar com o problema – ao menos num primeiro momento –, o UOL Tecnologia preparou algumas dicas (veja no final desta reportagem). 
"O ciberbullying permite que o agressor tenha tempo de planejar, refletir, criar e sofisticar a ‘arma’ que irá disparar. No verbal ‘in loco’, o sujeito não dispõe de tanto tempo para elaborar a estratégia agressiva", explica a psicanalista Vera Zimmerman, doutora em psicologia clínica e coordenadora do Cria (Centro de Referência da Infância e Adolescente), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). De acordo com ela, o ciberbullying aumenta a sensação de impotência e de injustiça, assim como a incapacidade de o agredido se defender.
Richard Piggin, um dos diretores da ONG britânica Beatbullying, referência no assunto, concorda. "Ao contrário do bullying, em que o adolescente chega em casa e se sente seguro, no ambiente virtual a vítima pode ser perseguida 24 horas por dia, recebendo mensagens no celular ou no seu perfil numa rede social, por exemplo."
As razões que levam alguém a praticar o ciberbullying variam, mas normalmente estão relacionadas a uma insegurança do agressor, que pretende ser aceito num grupo ou ganhar mais popularidade. "Há casos também de adolescentes que sofrem com o bullying e, para descontar, fazem as suas próprias vítimas", avalia Piggin.
A pedagoga e pesquisadora Cléo Fante, autora do livro "Fenômeno Bullying", ressalta ainda que falta, aos adolescentes, orientação sobre o uso ético e responsável das tecnologias e também sobre as implicações legais. Segundo ela, faltam ainda canais de comunicação para que as vítimas possam denunciar e buscar auxílio, sem medo de represálias.
Escola
Apesar de a escola ser o principal palco de origem do ciberbullying ou bullying, uma pesquisa conduzida em 2009 pela ONG Plan Brasil nas cincos regiões do país revelou o despreparo das instituições de ensino para lidar com o problema. O motivo? As escolas têm tendência a considerar que isso não é da sua alçada. O estudo também apontou que 16,8% dos estudantes são vítimas de ciberbullying, 17,7% são praticantes e apenas 3,5% são vítimas e praticantes ao mesmo tempo.
Para Cléo Fante, está na hora de as escolas assumirem também sua parte de responsabilidade. Ela cita como exemplo um programa piloto que está sendo implantado, sob a sua supervisão, em oito escolas públicas do Maranhão. O objetivo é treinar grupos de alunos para orientar colegas. Segundo ela, o projeto também pode incluir a adoção de um canal online para orientação das vítimas, nos moldes do CyberMentors (mentores online) no Reino Unido.
Embora concorde que a escola deva dar a sua contribuição, a pesquisadora faz uma ressalva e afirma que, para terem sucesso, os projetos dependem do envolvimento das famílias e dos governos. "As medidas mais eficazes são aquelas discutidas, planejadas, aplicadas e avaliadas conjuntamente."
Veja dicas:
Para a vítima
- Conte para alguém em quem confie. Pode ser os seus pais, um professor ou seu melhor amigo. Essas pessoas vão ajudá-lo a resgatar a autoestima e buscarão ajuda profissional se for preciso. O mais importante é não guardar a dor para si
- Guarde o e-mail ou a mensagem com insultos ou ameaças para servir de prova contra o agressor.
Para os pais
- Para saber se seu filho é vítima de ciberbullying, fique atento às mudanças de comportamento, como ansiedade e nervosismo excessivos, vontade de ficar sozinho e queda no rendimento escolar
- Acompanhe de perto o que seu filho faz na internet e monitore as redes sociais. Vale até criar um perfil e pedir para ser adicionado como amigo. O adolescente pode considerar invasão de privacidade, mas, segundo especialistas, "é melhor invadir do que deixar o filho abandonado à própria sorte"
- Deixe claro quais são as suas preocupações e mostre-se disponível para qualquer tipo de ajuda.
- Se constatar o ciberbullying, dependendo da gravidade, salve uma cópia do conteúdo e procure uma delegacia de polícia. Peça ao provedor de internet que o conteúdo seja tirado do ar
- Em casos mais graves, quando a exposição ao ciberbullying causar sérios danos, como constrangimento, humilhação ou ameaça à sua integridade física, moral ou psicológica, mudar de escola ou vizinhança é uma opção
- Para saber se o seu filho é o agressor, observe mudanças comportamentais repentinas, se há irritabilidade frequente e atitudes prepotentes ou dominadoras
- Caso seu filho seja o agressor, oriente-o e exija que interrompa a agressão. Se for preciso, procure auxílio da escola ou de um psicólogo
Para o professor
- Preste atenção em mudanças no grupo, especialmente em situações de agressividade
- Mobilize os alunos e promova discussões sobre o tema. Vale propor atividades de pesquisa ou redações
- Se houver algum caso, seja sigiloso e cauteloso para não rotular a vítima. Encaminhe o problema à direção escolar, que deverá convocar os pais dos envolvidos
- Em seu regimento, a direção escolar pode prever punições, como suspensão
- Em relação ao agressor, as medidas também variam conforme a gravidade: oriente o estudante e o advirta das consequências para si e para a vítima (sem expô-la a situações constrangedoras). Exija que o agressor pare com as ações abusivas
- Para prevenir, a escola deve criar canais de denúncia e campanhas educativas
Fontes: Cléo Fante (pedagoga e pesquisadora); Vera Zimmerman (doutora em psicologia clínica e coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescente, da Unifesp); e Richard Piggin (diretor da ONG britânica Beatbullying)

Ciberbullying leva a suicídio de colega da escola

 Fonte: UOL 16/10/2013, 13h34
Havia enfatizado isso, em um trabalho sobre Perigos na Web e ontem voltou a acontecer. Isso deve ser levado mais a sério, principalmente no âmbito educacional.
Rebecca Sedwick, 12, sofria ciberbullying de colegas de escola; perseguição online começou após ela namorar o ex de uma delas
Rebecca Sedwick, 12, sofria ciberbullying de colegas de escola.
Duas adolescentes de 12 e 14 anos foram apreendidas em Lakeland, nos Estados Unidos, depois que uma colega delas, alvo de ciberbullying (perseguição online), cometeu suicídio. De acordo com a polícia do Condado de Polk, que apurou o caso, as duas adolescentes serão acusadas pelo crime no Estado da Florida de "perseguição agravada" a Rebecca Sedwick, 12. De dezembro de 2012 a fevereiro deste ano, as adolescentes de 12 e 14 anos (cujos nomes não serão revelados por serem menores de idade) que estudavam com Rebecca na Escola Crystal Lake perseguiram a colega pelo Facebook. As garotas xingavam Rebecca na rede social, além de publicarem mensagens com teor intimidatório e com ameaças de agressão física, afirma a autoridade policial. Elas teriam começado porque a adolescente mais velha e Rebecca namoraram um mesmo rapaz. Além de praticarem ciberbullying contra Rebecca, as duas adolescentes também perseguiam amigos da garota. Por essa razão, segundo a polícia, vários colegas se afastaram dela, que ficou "isolada" na escola. Entre as mensagens online apontadas por testemunhas, estavam algumas em que a garota de 14 anos dizia que Rebecca deveria morrer ou cometer suicídio. Em 9 de setembro, a vítima de ciberbullying pulou de uma torre e morreu. No último sábado (12), antes de ser apreendida, a garota de 14 anos publicou um post no Facebook em que admitia ter perseguido a garota. "Sim, eu persegui Rebecca e ela se matou, mas eu não ligo a mínima." A adolescente de 14 anos permanece sob custódia em uma prisão juvenil; a mais nova foi solta após ser fichada pela polícia.
Leia mais em: http://zip.net/bklb8R

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Professores precisam ter a tecnologia como aliada no ensino

sábado, 12 de outubro de 2013

Qual é a hora certa de apresentar a tecnologia às crianças?

Será que existe uma hora certa para o primeiro contato com a tecnologia? Vejamos os seguintes casos:
Apesar da diferença de idade, a Laura e o Gabriel têm muito em comum. Além de inteligentes, super espertos e hiperativos, os dois nasceram imersos em tecnologia. A Laura já tem 10 anos, mas teve seu primeiro contato com tablets e smartphones antes de completar dois anos de idade; o Gabriel ainda só tem três, mas também já aprendeu há algum tempo as artimanhas das telas sensíveis ao toque e até dos teclados. O Gabriel é fanático por joguinhos e também bastante ágil; sabe usar a senha para destravar o aparelho, trocar de aplicativos e até tirar fotos! A Laura vai além dos jogos; ela já tem perfil no Facebook e usa o tablet que ganhou no final do ano passado também para ouvir música, ver filmes e até para se comunicar.O Gabriel e a Laura aprenderam a brincar no smartphone antes mesmo de falar ou andar. 
A psicóloga Andréa Jotta explica que esse “timing” depende muito do estilo da família; quanto mais conectados forem os pais, mais cedo os filhos terão contato com a tecnologia. Mas outro fator também facilitou bastante a entrada dos pequenos no mundo “hi-tech”. "De uns dois anos para cá, temos visto a entrada das crianças na tecnologia graças à tela de toque. Se antigamente eles precisavam ter entre 7 e 8 anos para poder digitar e chegar onde elas querem. Com a tela touch é só tocar. Por isso, tem crianças muito pequenas usando touchscreen", afirma a psicóloga Andréa Jotta, do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP. A relação entre crianças e tecnologia divide opiniões, mas segundo a psicóloga, não tem porque proibir. As mães do Gabriel e da Laura concordam, mas também entendem que é preciso haver certo controle sobre esse uso; mais do que isso, o ideal é sempre expor a criança a diversos tipos de estímulos, diversificar suas atividades e incluir o uso da tecnologia apenas como uma pequena fração dos seus dias. A Laura tem tanta coisa pra fazer que nem pensa em ficar muito tempo jogando ou conectada. "O que a gente vê como prejudicial é o uso frequente. No nosso núcleo de pesquisas, não chegamos a mapear um uso excessivo que aconteceu porque usou uma vez ou outra", explica a psicóloga. Além do tempo de exposição, é preciso controlar também o que essas crianças fazem no mundo digital. Seguro, nós sabemos que não é...e, mais do que isso, a maior parte dos aplicativos disponíveis é voltado para adultos. "Vale a pena acompanhar o uso pelo menos até os 16 anos. O problema não é dá, é largar. A partir do momento que você dá este presente para a criança, é a entrada deste jovem na virtualidade. Tem que ser acompanhado e educado, como se faz na vida presencial", conta a psicóloga Andréa Jotta. O futuro dessa geração que já nasceu conectada é tema recorrente de discussões não só entre mães e pais, mas entre psicólogos e educadores. A maioria acredita que, se controlado, o uso da tecnologia contribui bastante para o desenvolvimento do raciocínio da criança. Mas o fenômeno é novo e ainda não existe pesquisa suficiente sobre essa relação; principalmente aqui no Brasil.
Doze anos atrás, o país viveu um “boom” da internet com a popularização da banda larga. Ou seja, já existe uma geração que foi exposta à tecnologia de alguma forma desde muito pequenos. O Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo avaliou duas vertentes desses jovens; primeiro os que conseguiram introduzir a tecnologia naturalmente em suas rotinas sem abrir mão das outras atividades.  "Alguns pais conseguiram incluir a tecnologia na rotina das crianças, que hoje são pré-adolescentes. Elas precisam fazer a lição, comer, dormir, conviver com a família e usar a tecnologia. Nas famílias que conseguiram neste uso adequado, sem abuso e sem prejudicar a vida cotidiana, as crianças se acostumaram com a tecnologia com naturalidade, mais até que os adultos", conta a psicóloga. Já os que usaram em excesso; sem controle, explica a psicóloga, apresentaram alguns problemas difíceis de reverter, como a falta de interesse por esportes ou qualquer outra atividade física, desinteresse pela escola e até isolamento – o que pode ser considerado grave no desenvolvimento de uma criança. O assunto é delicado, mas ao que tudo indica, se a tecnologia simplesmente fizer parte da vida da criança e não dominá-la, é algo que só traz benefícios. O detalhe importante é que não cabe aos pequenos decidir o que é bom ou ruim, mas aos pais, que precisam entender que o mundo mudou e que a tecnologia é cada vez mais presente nas nossas vidas. 
E você, o que acha dessa história? Apoia ou condena o uso da tecnologia por crianças? Será que existe uma idade certa? Participe dessa saudável discussão e deixe seus comentários no olhardigital.com.br.
Fonte: olhardigital.com.br.

A cada manhã o mundo é novo para mim!

Por isso eu respeito as ideias e o pensar do indivíduo que se renova todos os dias. Tudo o que for redigido e descrito é e será sempre bem vindo. Só não pode ultrapassar a barreira do respeito e da ética, duas virtudes imprescindíveis para a admiração do ser.

Para mim, o AMOR é o maior dos sentimentos e o mais completo, seguido da simples linha de pensamento: amor incondicional à Deus, a minha filha e aos meus semelhantes. Sem o amor não poderá existir o perdão e a humildade.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Influência da Mídia nas crianças: UM ALERTA A EDUCAÇÃO

Mídia e sua influência na sociedade: O outro lado da moeda que a educação pode mudar

Centro de Mídias de Educação do Amazonas - maio 2010

Tecnologia na Educação

A INCLUSÃO VIRTUAL NA EDUCAÇÃO

Por Janete Tavares:
A criatividade e interatividade da mídia leva o profissional de educação  a fazer uso de uma gama de possibilidades de informações através de site, blogger, chats, salas de bate papos, aula virtuais, entre outros. O uso das TICs na educação possibilita tanto ao educador quanto ao educando encontrar facilidade, agilidade e estratégias na elaboração dos trabalhos pedagógicos.
Essa variante midiática leva o sujeito a refletir criticamente acompanhando o modelo novo de ensino construtivista que preza o ensino-aprendizagem por meio da inter-relação entre educando e educador e os sujeitos sociais, com respeito às opiniões de cada um, o conhecimento prévio de cada indivíduo, o respeito as suas culturas e as diferenças.
A internet é uma fonte de informações que abre as portas a cada sujeito para o antigo e o novo das reportagens, dos artigos, das pesquisas etc, combinando textos, imagens, videos, permitindo a escolha ou a seleção a cada usuário. Portanto, estar conectado hoje em dia se faz necessário para as possibilidade de informações e autonomia das escolhas destas.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Outubro Rosa para prevenir o câncer de mama

Outubro Rosa é um movimento internacional que divulga a importância dos exames para diagnóstico precoce do câncer de mama, o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo. De acordo com o INCA – Instituto Nacional do Câncer, o câncer de mama responde  por 22% dos casos novos de câncer a cada ano no Brasil. Em 2012 foram previstos 52 mil novos casos. No país a mortalidade pela doença ainda é alta, em parte devido ao diagnóstico da doença em estágios avançados. Porém, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, as chances de cura são maiores. Ao contrário do que pensava antigamente, em que ter casos na família era quase certeza de desenvolver a doença, a hereditariedade (predisposição genética ao câncer) corresponde por 5 a 10% do total de casos. No entanto, isso deve estimular uma visita ao mastologista mais cedo. Fazer mamografia é fundamental para descobrir o câncer no início. Depois dos 35 anos, deve-se ter um cuidado maior e fazer um exame clínico anual, principalmente se houver fatores de risco, e mamografia se houver alguma alteração. Mulheres entre 50 e 69 anos devem realizar mamografia a cada dois anos e exame clínico anual. O Instituto Voluntários em Ação é mais uma vez parceiro dessa iniciativa. Acompanhe neste mês postagens sobre a campanha no nosso blog e redes sociais.
Esse conteúdo foi copiado do Blog do Portal Voluntários Online:

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Os marcos do desenvolvimento infantil

Para minimizar as muitas dúvidas sobre o amadurecimento das crianças durante a primeira infância, especialistas explicam quando ocorrem os principais marcos do desenvolvimento infantil. Os profissionais consultados ressaltam que cada criança se desenvolve a seu tempo, mas existe uma idade que serve de parâmetro para os pais acompanharem o crescimento dos seus filhos. Confira abaixo:
FIRMAR A CABEÇA
Fase que costuma acontecer: entre 2 e 3 meses.
Firmar bem a cabeça aos 2 meses é uma das provas de que o desenvolvimento psicomotor do bebê está excelente. Alguns começam, com 30 ou 40 dias, a mostrar que já dirigem o pescoço quando ainda estão deitados – e logo começam a fazê-lo também no colo dos adultos. Geralmente, é perto do terceiro mês que a cabeça do bebê ganha a forma mais arredondada e definitiva e ele começa a ficar deitado com o rosto virado para cima, e não mais somente apoiada de um dos lados. Em pouco tempo, a cabecinha já fica ereta e, em seguida, passa a procurar os rostos conhecidos em volta.
O que fazer: ficar atento a essa fase é importante (apesar de ser ainda mais importante saber que cada criança tem um ritmo e, logicamente, algumas levam mais tempo para alcançá-la). Alguns bebês que não firmam a cabeça, como explica a pediatra Louise Souza, podem ter contraído a toxoplasmose congênita. “Trata-se de um mal que, em casos mais graves, pode causar atraso mental e lesões oculares”, diz ela. Essa condição, no entanto, costuma ser detectada ainda na gravidez. Para ajudar os pequenos nesse comecinho de experiências com o corpo, basta procurar chamar a atenção deles com sons suaves e agradáveis e notar que a cabeça começará a se movimentar e fortalecer.
ALCANÇAR OBJETOS
Fase que costuma acontecer: A partir dos 4 meses.
Conforme os bebês começam a se interessar pelo ambiente ao redor, eles iniciam as tentativas de apanhar objetos próximos – e começam também a aguçar a visão e a audição para reparar no que há à sua volta.
O que fazer: o interesse nos objetos é que vai ajudar o bebê a usar braços, pernas, tronco e toda sua vontade para ir atrás do que deseja. Com isso, ele fica ainda mais contente ao aprender que pode se arrastar e esticar até o brinquedo ou outro artigo qualquer, causando uma sensação boa e desenvolvendo corpo e mente. Basta oferecer objetos que estimulem interesse.
O que não fazer: empolgados com essa nova demonstração de iniciativa das crianças, alguns pais decidem se adiantar e oferecer a elas tudo o que existe à mão para estimular a brincadeira. Mas talvez seja essa a hora de observar mais e “entregar” menos: é o momento de deixar o pequenino ir à luta pela primeira vez (e ajudar e acarinhar se surgir aquele choro de frustração, claro).
ROLAR
Fase que costuma acontecer: entre 5 e seis meses.
Os pequeninos mais apressadinhos começam a rolar a partir dos 2 ou 3 meses. É provável que eles comecem a fazer o movimento a partir da posição de barriga para cima até virar de costas e, aos 5 ou 6 meses, façam também o movimento completo – até voltar para a posição inicial. Essa habilidade vem junto com o desenvolvimento do pescoço e dos músculos dos braços das crianças. Elas usam essas partes do corpo para levantar o tronco e observar o que há em volta, se interessando pelo mundo (ou apenas por aquele brinquedinho colorido que pareceu tão divertido).
O que fazer: para ajudá-lo no processo, é bom deixar o bebê se esticar em espaços seguros e ligeiramente fofos, onde ele pode sentir o efeito dos movimentos e ganhar “tração”.
O que não fazer: não é preciso, no berço ou no tapete de brincar, espremer a criança entre objetos, pois isso pode limitar a ação. Segurar demais o bebê no colo também não é o ideal, pois ele pode se acomodar em uma mesma posição.
SURGIR OS DENTES
Fase que costuma acontecer: A partir dos 6 meses.
O aparecimento dos primeiros dentinhos das crianças é um grande motivo de preocupação dos pais. Algumas vezes eles dão o ar da graça muito cedo, já aos 4 meses de vida do bebê; para outras crianças, isso só acontece a partir dos 6 meses – ou até mesmo 8 ou 9 meses. Somente crianças cujos dentes não aparecem até um ano são motivo para procurar um especialista. Antes disso, o mais certo é que os dentes aparecerão e, com eles, um bocado de dor e manha para os pequeninos. Acontece que algumas crianças possuem gengivas mais grossas e fibrosas do que outras, daí a diferença no aparecimento dos dentes.
O que fazer: para ajudar, os pais podem oferecer mordedores específicos que possam ser resfriados, já que o gelado colabora para amortecer a dor. Pomadas em gel para tirar a sensibilidade? Cada pediatra tem uma opinião sobre isso, então só se deve usar depois de discutir o caso com um profissional.
SENTAR
Fase que costuma acontecer: A partir dos 8 meses.
Essa é uma das fases que podem variar bastante entre as crianças. Existem as que, aos cinco meses, já mostram ter a possibilidade de sentar apoiando as costas em almofadas, por exemplo. Tudo depende da evolução dos músculos das costas e pescoço. Um ou dois meses depois, os pequenos já estão sentando sem precisar de um bom apoio, permanecendo assim por alguns minutos sem reclamar e até brincando por mais tempo. Crianças com peso maior costumam demorar mais para conseguir ficar sentadas e sem apoio por algum tempo – e a tendência de várias delas, enquanto aprendem a controlar o corpo, é tombar para os lados nas primeiras vezes.
O que fazer: os adultos podem ajudar, primeiramente, servindo de apoio com as mãos, auxiliando e escorando o bebê com almofadas apropriadas (em forma de meia-lua) ou apenas estando bem próximos para ajudar a equilibrar. Essa nova perspectiva de mundo costuma alegrar muito as crianças, que então ganham muitas maneiras de brincar e interagir com o meio.
ENGATINHAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 9 a 11 meses.
A partir da posição sentada, a criança começa a se aprontar para explorar ainda mais o mundo e em um nível totalmente novo. Levantando primeiramente o tronco com as mãos e o auxílio dos joelhos, os bebês partem para descobrir o movimento independente – da forma que eles conseguirem. Isso porque nem sempre os bebês engatinham daquela maneira clássica, e sim progredindo com as pernas esticadas, deitando e usando apenas braços como um soldado ou mesmo se arrastando de lado, puxando com um braço. Alguns bebês, inclusive, pulam completamente a fase de engatinhar (e isso não deve ser nenhum motivo para preocupação ou frustração).
O que fazer: se a ideia, porém, for ajudar o pequeno a descobrir esse movimento, almofadas do tipo rolo podem ajudar. Apoiando o bebê com a barriga encostada no rolo, segurando firme e mostrando a graça da brincadeira de ir e voltar, ele pode começar a perceber como a locomoção é divertida e, fortalecendo os joelhos e cotovelos, partir para o engatinhar. Muitos educadores, como a pedagoga Maria Laura Flores, garantem que o engatinhamento é importante porque “assim, o bebê aprende a dominar os movimentos e, portanto, ativa novas zonas cerebrais da coordenação de reflexos”.
FICAR EM PÉ
Fase que costuma acontecer: A partir dos 10 meses
Com o domínio da arte de engatinhar, muitas crianças logo descobrem a força das pernas para levantar segurando em mesinhas, cadeiras e outros móveis. Com esse apoio, a partir dos 10 meses muitas delas já são capazes de se erguer por completo e, algumas semanas depois, já ensaiam alguns passos. Ficar em pé é apenas uma das novas artimanhas, e o bebê precisa coordená-la com a possibilidade de estar ereto e ainda girar o corpo para olhar para os lados, brincar ou comer usando as mãos para se segurar e tentar alcançar algo que está no alto usando as pontas dos pés.
O que fazer: tudo isso servirá para o desenvolvimento cerebral e motor – e tudo o que os adultos devem fazer é garantir a segurança com esse novo ser humano articulado e oferecer estímulos que atraiam o futuro andarilho.
DORMIR A NOITE TODA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Não há um consenso, mesmo entre especialistas, sobre quando uma criança já deve dormir a noite toda. Alguns dizem que, a partir de 2 meses e se o ganho de peso estiver normal, as mães já podem deixar por conta do bebê a hora de acordar. Muitos, já mesmo por essa fase, começam então a dormir cerca de oito horas seguidas. Mas mesmo os maiores, até um ano, podem despertar quando sentem fome – e a mamada da noite pode ser mantida por mais tempo.
O que fazer: mantendo uma rotina tranquila e com horários bem definidos (hora das refeições, sonecas e momentos de brincar), os pais podem começar a mostrar às crianças que elas têm hora para dormir, que podem fazê-lo por conta própria e que ficarão bem em suas caminhas.
O que não fazer: o importante é perceber se a criança de fato sente a necessidade do leite ou apenas se acostumou com a presença confortante no meio da madrugada. Vale dizer que, levando em conta o metabolismo e a necessidade das crianças, a partir dos 6 meses elas já são completamente capazes de dormir uma noite completa.
COMER DE TUDO
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
A rigor, a partir dos 6 meses (ou mesmo algumas semanas antes para as crianças que entram no leite em pó), já é possível introduzir frutas na alimentação do bebê. Algumas são mais indicadas para começar esse processo, como mamão e laranja-lima, e logo é possível partir para outras como maçã, pera e banana prata. Para beber, o consenso não é total entre os pediatras, mas alguns sugerem que não há necessidade de chazinhos ou sucos e apenas a água já presente no leite materno ou na fórmula preparada são suficientes até os 6 meses. Na realidade, os bebês começam a se interessar pela comida nessa fase, então é o momento ideal para apresentar os alimentos. Aos 9 ou 10 meses, a maioria já está comendo papinhas salgadas, que devem ser preparadas com água, dois ou três tipos de legumes e um tipo de carne. 
O que fazer: ao servir, os pais devem apenas separar a carne e amassar os legumes com um garfo. Além de estimular a mastigação e preservar melhor as fibras, a diversidade de cores e sabores se mantém melhor assim – e os pequenos aprendem a saborear cada alimento, perceber texturas e sentir cheiros e gostos. Os que apelam para tocar na comida também têm a sua vez: “Essa é a forma que as crianças encontram para explorar o prato”, diz Christine Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development. E, como bônus, criam uma relação feliz com a hora de comer.
ANDAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
No início, logo após ter afinal descoberto as maravilhas de estar em pé, cair é quase uma constante na vida das crianças – mas os pais devem controlar a vontade de prevenir essas quedas e o impulso de manter os pequenos eretos a qualquer custo. Com a coragem estabelecida, em pouco tempo a criança que caminhava cambaleante estará correndo, basta ter paciência.
O que fazer: a verdade é que a pressa será a pior inimiga nessa hora. Andar é um dos grandes avanços das crianças, um marco no crescimento delas – e grande parte só o faz quando sente 100% de segurança, um período que pode levar semanas ou até meses após ficar em pé pela primeira vez.
O que não fazer: oferecer as mãos para estimular as crianças a firmar os passos pode ser uma boa ideia em algumas oportunidades, mas partir para andadores, por exemplo, pode acabar retardando o processo de andar sem apoio.
COMEÇAR A FALAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Os bebês, na verdade, descobrem o poder da voz bastante cedo, desde o choro das primeiras semanas para chamar a atenção para suas necessidades. Aos poucos, já a partir dos 6 meses, por imitação das pessoas ao redor, eles passam a usar primeiro os lábios e depois a língua para demonstrar com palavras murmuradas o que desejam. A partir de um ano a maioria já sabe usar bem certas palavras e, em mais alguns meses, conseguem formular ideias e até fazer inflexões – como para mostrar alegria ou surpresa.
O que fazer: os pais que entendem todos esses primeiros sons e balbucios como uma conversa são os que mais auxiliam os filhos a aprender a falar cada dia melhor e mais rápido. “Quando a criança percebe que corresponde ao seu ato de tentar dizer alguma coisa, ela se sente estimulada a se comunicar”, diz a psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development, Christine Bruder. 
O que não fazer: as duas piores coisas a fazer nesse momento são, primeiro, tentar apressar a comunicação e começar a “adivinhar” o que a criança tenta dizer, passando a frente dela e forçando palavras que ela ainda não entende bem. Em segundo, é fazer exatamente o contrário: achar que eles não entendem nada mesmo e falar pouco com os pequenos, que provavelmente se sentirão inibidos ou ignorados.
DESMAMAR
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
O desmame das crianças pode acontecer de diversas maneiras, inclusive por vontade delas. Com a introdução de novos alimentos e a menor necessidade do leite, alguns bebês começam a se desinteressar – enquanto outros, até pela gostosa sensação de estar junto à mãe, seguem mamando até que haja a decisão da mãe de encerrar o período de amamentação. Os médicos se dividem nessa hora: alguns sugerem fazer a retirada rapidamente, enquanto outros preferem o modo gradativo. O certo é que essa pode ser uma época de muitos conflitos emocionais para mães e filhos. Mas é importante saber que o desmame não causará traumas e logo os pequenos superam a fase.
O que fazer: a partir de um ano, grande parte das pessoas inicia o desmame dos bebês (note que a Organização Mundial da Saúde sugere amamentação até os dois anos). “Se for o caso de parar, pedir ajuda de outro adulto pode ser uma boa solução. As crianças desenvolvem uma forte ligação com as mães pela amamentação, e mesmo o cheiro ou a posição de costume vai lembrá-las do leite materno”, explica o pediatra Marcelo Reibscheid. Com a mamadeira, o pai ou outra pessoa pode revezar na hora do leite e, em pouco tempo, a criança aprenderá a receber o novo alimento.
O que não fazer: esqueça o sentimento de culpa que muitas vezes acompanha as mães que deixam de amamentar – e tenha certeza que o bebê estará bem com a nova ordem. Mães seguras passam essa tranquilidade para a criança e a deixa mais confortável para aceitar a novidade.
COMER SOZINHA
Fase que costuma acontecer: A partir de 1 ano
Ou quando a criança demonstrar interesse por apanhar a colher e tentar fazer os movimentos até a boca. Isso mostra que ela está motivada a crescer, que gosta da conquista de liberdade ao participar mais ativamente da hora das refeições.
O que fazer: mesmo que haja uma preocupação com a segurança, é importante deixar a criança fazer suas tentativas. Para evitar uma bagunça generalizada, que costuma mesmo acontecer entre os pequenos que ainda não dominam toda a coordenação motora, os pais podem forrar o chão com um jornal ou usar jogos americanos plásticos para assegurar a limpeza. E então podem deixar os detalhes da higiene de lado e se concentrar, assim como o pequeno, na nova tarefa de levar a comida até a boca. Felicitar a criança pelos progressos é muito válido, assim como sugerir, com delicadeza, outras formas de comer, como espetar um pedacinho de carne ou apoiar a colher nos dedos.
O que não fazer: respeitar ao máximo o desenvolvimento da criança é essencial. Brigar ou criticar aquele momento pode afastar o bebê da vontade de dominar essa arte.
DEIXAR AS FRALDAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Em geral, o segundo ano do bebê já começa a ser o momento de iniciar a retirada das fraldas (lembrando que cada criança tem um ritmo e isso pode acontecer tanto antes, já aos 18 meses, quanto bem depois, aos três anos). Por essa idade, quando a criança começa a se incomodar mais por estar com fraldas sujas, ela mesma já pode pedir pela troca ou mostrar mais interesse pelo banheiro, pelo papel higiênico e pelo penico. Esteja sempre a postos para levá-la ao banheiro assim que vier um pedido e se prepare para as muitas “escapadas” de xixi e coco. Tudo isso é normal. Em algumas semanas os pequenos passam a entender a dinâmica.
O que fazer: ao notar as fraldas secas com mais frequência nas trocas, os pais já podem começar a deixar a criança só com calcinha ou cueca por alguns momentos, explicando para ela a novidade. Muitos já começam aí a avisar sobre a vontade de fazer xixi ou coco e, em mais algum tempo, passam a ajudar com a retirada das roupinhas para correr para o banheiro. O penico, se for a opção antes do vaso em si, deve ter um local fixo: a criança precisa perceber a distância e ter a noção da velocidade para ir usá-lo, adquirindo consciência corporal. Correr atrás dela com o penico tira essa consciência. 
O que não fazer: os pais não devem ter pressa nesse processo. Uma criança que não tem maturidade para controlar a saída do xixi e do coco e é forçada a deixar as fraldas pode vir a ter problemas de incontinência urinária ou de intestino preso, por exemplo.
BRINCAR COM OUTRAS CRIANÇAS
Fase que costuma acontecer: A partir de 2 anos
Quando a fase do individualismo vai passando, ali pelos dois anos, as crianças já começam a ter uma percepção muito maior da existência do outro. Antes disso, elas mal percebem outras crianças e normalmente preferem estar entretidas em uma brincadeira solo, territorial. Depois, começam a partilhar melhor especialmente as brincadeiras de faz de conta, com bonecos ou bichinhos, e construir as parcerias. 
O que fazer: “Mais do que brincar ‘com’, é importante brincar ‘ao lado’”, diz a psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development, Christine Bruder. Ela explica que pais não precisam gerenciar as habilidades sociais do filho, mas devem deixar as crianças brincarem com segurança entre si e tentarem resolver conflitos menores. Mediar é o melhor a fazer – propondo soluções quando a briga fica mais feia ou quando se é solicitado.
O que não fazer: não há a menor necessidade de intervir o tempo inteiro, mesmo antes de qualquer conflito, para mostrar “como meu filho é bem educado”. Ficar constantemente bloqueando as ações da criança não lhe dá liberdade para se aproximar de verdade dos demais.
LARGAR A CHUPETA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
É claro que algumas crianças nem mesmo se apegam às chupetas – algumas jamais a reconhecem como consolo, outras rapidamente as abandonam mesmo antes dos três anos. Para as que usam com mais intensidade, a chupeta serve como um abrigo de emoções. Mas, após um certo período, a criança precisará amadurecer e aprender a lidar com seus sentimentos sem um objeto específico. No início parecerá impossível convencê-la, mas a maturidade chega.
O que fazer: de forma progressiva, pais e mães devem explicar sobre a necessidade de a criança deixar a chupeta, de forma resumida e que ela entenda, explicando que ela agora cresceu. O colo e a tranquilidade vão ajudar nessa hora, assim como, no começo, a substituição por um outro objeto dado pelo adulto, como um bichinho de pelúcia, um paninho. O importante é deixar a criança calma e segura.
O que não fazer: tirar a chupeta barganhando, ameaçando ou apelando para fantasias, como “assim o Papai Noel não vai trazer presente de Natal” ou coisa que o valha, atrapalha muito o processo. Essa é a fase em que a criança vai começar a distinguir o que é a realidade, e ela poderá se sentir enganada. Desaparecer com a chupeta também deve ser descartado. A criança precisa confiar nos pais e na mudança para crescer.
LARGAR A MAMADEIRA
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
A partir do desmame, a rigor, a criança já pode também pegar e depois largar a mamadeira. Na teoria. Na prática, o que mais costuma acontecer é os pequenos se apegarem um pouco mais de tempo ao leite servido assim. É normal já que o reflexo de sugar é mesmo intuitivo e comum a todos os bebês. A mamadeira, assim como objetos de apego como bichos de pelúcia ou paninhos, acaba se tornando um consolo para embalar o sono ou acordar pela manhã. A retirada, dessa forma, deve acontecer com muita conversa e paciência, no ritmo da criança, mas determinando um prazo para acabar.
O que fazer: falar com os pequenos ajuda bastante, explicando que o tempo de usar mamadeira já passou e que é preciso ficar grandinho. A maioria das crianças costuma até gostar da transição quando é oferecido um novo copo com bico ou o uso de canudos. Em mais alguns meses, até esses serão naturalmente abandonados quando a criança se sentir segura.
SE VESTIR SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 3 anos
O vestir divide as crianças. Existem as que gostam muito de ser vestidas por causa dos bons momentos de conversa e carinho com os pais. E existem as que detestam, que preferem escolher e colocar cada peça de vestuário. Esse segundo time costuma estressar um pouco os pais, mas a verdade é que a criança tomar para si a tarefa de se vestir é uma boa ideia. Não é bom que ela leve horas nesse procedimento ou faça cena para escolher cada item, no entanto. Para isso, a intervenção dos adultos tem que ser muito firme e positiva.
O que fazer: para ajudar, o responsável pode separar e mostrar à criança duas ou três opções de roupas para que elas escolham rapidamente. É uma boa hora para explicar como amarrar os sapatos ou que no frio usamos blusas mais pesadas e no calor podemos sair de sandálias – assim evitam-se brigas desgastantes para todos. Com o tempo, a tendência é a criança entender o ritmo das coisas e participar sem encrencar.
O que não fazer: equilíbrio é a chave. Não se deve dar liberdade total para absurdos como deixar o pequeno sair de casaco no verão só porque ele bateu o pé, mas também tolher completamente a personalidade da criança e impor peças escolhidas pelos pais não ensina sobre independência e individualidade.
TOMAR BANHO OU ESCOVAR OS DESNTES SOZINHO
Fase que costuma acontecer: A partir de 4 anos
É claro que algumas crianças demonstram mais cedo a habilidade para cuidar de si mesmas na hora do banho e de escovar os dentes. Mesmo ainda atrapalhadas com alguns movimentos – principalmente os mais complexos, como esfregar a cabeça –, muitas ficam orgulhosas de ao menos tentar fazer a maior parte sem a ajuda dos pais. E isso é importante: demonstrar a vontade de dominar o próprio corpo nesses momentos de higiene mostra o desenvolvimento da criança.
O que fazer: para incentivar os pequenos mais reticentes e reforçar o comportamento dos mais dispostos, o melhor é estar ao lado, mas não fazer nada além do essencial. Vá conversando, sugerindo o que ele deve fazer e perguntando se está lembrado como fazer, mas é bom diminuir a participação a partir de um certo ponto. Mostrar essa segurança traz mais confiança aos pequenos.
O que não fazer: aqueles pais que dominam completamente a situação, lavando cada parte do corpo das crianças e escovando seus dentes sem deixar que elas sequer encostem na esponja ou na escova estão criando dependência. E fazem a criança acreditar que ela não tem competência para cuidar de qualquer parte desse processo. Nos anos seguintes, mudar esse cenário ficará muito mais complicado.
APRENDER A LER
Fase que costuma acontecer: A partir de 5 anos
Tudo vai depender da maturidade e do interesse da criança – mas é certo que aquelas que tiveram mais contato com livros e cujos pais contaram mais histórias se dispõem mais rápido a essa atividade. A pré-escola também tem um papel fundamental no preparo dos pequenos para a leitura e a alfabetização, pois é lá que acontece boa parte do contato inicial com o aprendizado e onde se formará a base que vai ditar o futuro escolar das crianças.
O que fazer: é essencial, primeiramente, dar o exemplo. Pais que leem passam o hábito aos filhos pela comparação. Estar junto deles desde cedo, mostrando bons livros, contando histórias com interpretação e vontade, traz o desejo da leitura. Quando o processo de ler em si começa, a criança precisa ser estimulada e também parabenizada. Elogiar e valorizar os esforços dos pequeninos nesse sentido vai dar-lhes confiança para continuar aprendendo e elevar a criatividade também. Mantenha sempre lápis e papel à mão, sugerindo que eles escrevam e desenhem uma historinha inventada ou conhecida se sentirem vontade durante um bate-papo. E é vital estar sempre em contato com os professores da escola para saber como o processo está correndo por lá, trocando informações e não forçando desafios difíceis demais para cada fase.
Fonte: Marcelo Reibscheid (pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz e criador do Portal Pediatria em Foco), Christine Bruder (psicóloga e psicanalista especializada em primeira infância),Louise Souza (pediatra) e Maria Laura Flores (pedagoga).